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Risco de agravamento e óbitos por covid-19 diminuiu em faixas etárias imunizadas

UTI COVID - Hospital Trabalhador em Curitiba - 01/09/2020 - Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Um estudo realizado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba mostra os efeitos do avanço da vacinação na capital paranaense. Em 2020, os idosos com 80 anos ou mais tinham 25 vezes mais chance de hospitalização e 230 vezes mais riscos de ir a óbito por covid-19 do que pessoas de 20 a 29 anos, população usada como referência para a pesquisa. Já em 2021, com a vacinação anticovid, o risco de hospitalização dos maiores de 80 anos caiu pela metade e o de óbitos caiu 66%.

Risco de agravamento e óbitos por covid-19 diminuiu em faixas etárias imunizadas.

Entre as pessoas de 70 a 79 anos, o risco de hospitalização por covid-19 foi 16 vezes maior e o risco de morrer foi 106 vezes maior do que o comparado com a faixa de referência (20 a 29 anos) em 2020. Já em 2021, com a vacinação, o risco de hospitalização entre as pessoas de 70 a 79 anos caiu para 10 vezes (uma diminuição de 34%) e de óbitos para 52 vezes (uma diminuição de mais da metade) .

Entre aqueles de 60 a 69 anos, última faixa etária de idosos a ser vacinada e cuja segunda dose foi aplicada recentemente em parte do grupo, a redução também já é percebida, ainda que de maneira mais leve – o risco de óbitos já é 37% menor e de hospitalização caiu 22% em relação a 2020. 

Risco de agravamento e óbitos por covid-19 diminuiu em faixas etárias imunizadas

Metodologia

O método de análise utilizado pela SMS é idêntico ao utilizado pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) dos EUA. A metodologia permite estimar os riscos para infecção, hospitalizações e mortes e comparar a variação entre 2020 (quando não havia vacina disponível) e 2021 (com o início da vacinação).

Para tanto, foi calculada a ocorrência de casos, internações e óbitos em relação a população estimada para cada faixa etária para 2020 e 2021 até 20 de julho deste ano. Num segundo momento, foi utilizada a faixa etária entre 20 a 29 anos como referência para a realização de comparação com as demais.

“Utilizamos esta faixa etária como referência porque é aquela que tem um volume expressivo de casos, mas que agrava menos que os mais idosos. A ideia é calcular o risco que os mais idosos têm, antes e depois da vacina, em comparação aos mais jovens, que ainda não foram vacinados de modo geral”, explica o epidemiologista da SMS, Diego Spinoza.  

Análise

Segundo a médica infectologista da SMS, Marion Burger, “é visível o efeito positivo da vacinação nos mais idosos em evitar os desfechos mais graves”. De acordo com Marion, a análise mostra que as vacinas estão cumprindo seu papel coletivo em diminuir hospitalizações e óbitos entre as populações imunizadas, mas, por outro lado, também demonstra que não existe vacina 100% eficaz. “Mesmo entre pessoas completamente imunizadas, há riscos, mesmo que menores, de hospitalizações e óbitos”, explica.

Para Marion, esses dados reforçam a necessidade de manter as medidas de prevenção até que a incidência da doença esteja mais controlada. “Isto porque a vacinação tem papel coletivo no controle da pandemia e até que boa parte da população esteja completamente imunizada, o vírus continuará com circulação alta”, afirma.