Declarações do padre Joel Ribeiro, pároco da Catedral de Londrina, associando a presença de pessoas em situação de rua à insegurança durante missas geraram críticas de movimentos sociais. Durante entrevista à TV Tarobá, o sacerdote afirmou que a presença desses indivíduos nas proximidades da igreja gera “medo” e “insegurança” entre os fiéis, insinuando que poderiam ser violentos por estarem envolvidos com drogas.
As falas foram classificadas como preconceituosas por organizações que defendem a população em situação de rua, como o Instituto Nacional de Direitos Humanos da População em Situação de Rua (INRua) e o Movimento Nacional da População de Rua (MNPR). Leonildo Monteiro, coordenador-geral das duas entidades, criticou o discurso do padre. “Essa associação da pobreza com a violência é higienista e aporofóbica. Pessoas em situação de rua são vítimas da exclusão social, e não causadoras de insegurança”, afirma.
Movimentos pedem retratação e diálogo
O INRua e o MNPR enviaram um ofício à Arquidiocese de Londrina solicitando retratação pública e um compromisso com o diálogo para inclusão e assistência à população em situação de rua. “A Igreja tem o dever de agir de forma inclusiva e garantir o respeito a esses indivíduos”, diz Leonildo.
Até o momento, a Arquidiocese de Londrina ainda não havia se manifestado oficialmente sobre o ofício enviado pelos movimentos, mas, segundo a assessoria, o Arcebispo Metropolitano, Dom Geremias Steinmetz, tomará conhecimento do caso e discutirá as medidas cabíveis.
Crescimento da população em situação de rua e contexto local
As declarações do pároco acontecem em um contexto de crescimento da população em situação de rua em Londrina e em todo o Brasil. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2022, o país contava com cerca de 222 mil pessoas vivendo nas ruas. No Paraná, esse número chega a 13,3 mil, com um aumento de quase 50% nos últimos três anos. Em Londrina, a realidade não é diferente: o aumento da pobreza e a falta de políticas públicas efetivas têm levado cada vez mais pessoas a viver nas ruas, em busca de abrigo e assistência.
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