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Empresas inclusivas dão oportunidades a pessoas com deficiência em Curitiba


O jovem João Kauê Pimpão Freitas viu sua vida mudar em apenas 30 dias. Esse foi o intervalo entre ficar sabendo, pela televisão, da ação de empregabilidade que o Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência (DPCD) da Prefeitura promoveria na Rua da Cidadania do Pinheirinho, no dia 3 de agosto, e sua efetivação como assistente administrativo da empresa Unidas, na CIC, na última semana.

“Foram dois anos de muitas entrevistas e nenhum resultado, até que vi a notícia sobre essa oportunidade. Fui lá e deu certo”, conta João, que está começando a trabalhar na área de Locação de Veículos Pesados. Ele é curitibano, tem 26 anos e uma deficiência motora que o acompanha desde o nascimento, resultante de uma paralisia cerebral.

Essa condição não o impede de trabalhar desde os 14 anos e acumular experiências nas áreas de controladoria, logística e docência, além de cursar faculdade de Letras/Inglês. Esse, aliás, foi o idioma em que o agora novo contratado da empresa concluiu a primeira entrevista com a equipe de recrutadores. “Quando contei que domino Inglês, o entrevistador começou a falar comigo no idioma. Foi bem espontâneo”, recorda.

Segundo o diretor de Recursos Humanos da empresa, Hélcio Tadeu Tessaro, a meta da empresa é dar oportunidade para todos e possibilitar que também os colaboradores com deficiência construam carreiras. “Quanto mais diversa for a organização, melhor ela será. É o que buscamos aqui”, afirma.

Para isso, conta Gilza Migliorini, que atua no mesmo setor, a empresa também aposta na preparação dos gestores. “Queremos que eles se sintam à vontade para conversar sem constrangimentos com esses colaboradores, e que aproveitem seus talentos e possibilidades da melhor forma possível”, explicou.

Além de João, outras 66 pessoas com deficiências diversas trabalham em todas as unidades da Unidas, que atua gestão e terceirização de frotas de automóveis, caminhões, máquinas e equipamentos pesados.

Girassóis no pescoço

Pertencem ao assistente do setor de Cobrança e Cadastro José Carlos de Jesus e à empacotadora Graziele Cristina Serafim dois dos 310 cordões decorados com girassóis que os funcionários com deficiência da Rede Condor usam para pendurar seus crachás e se identificar para o público.

A peça, explica a gerente de Recursos Humanos do grupo empresarial, Charmoniks Heuer, é uma estratégia para sensibilizar clientes e equipes de trabalho para a importância da inclusão e da acolhida aos colaboradores com essa característica. Na empresa, todos os trabalhadores com algum tipo de deficiência – e não apenas a oculta, como dispõe a lei nacional que institui o símbolo – usam o adereço.

“Temos uma Universidade Corporativa subdividida em seis escolas. A da Diversidade, da qual o público com deficiência faz parte, é uma delas”, conta Charmoniks.

José Carlos agradece, todos os dias, por ter voltado a trabalhar. “Faz 2 meses e 2 semanas que estou aqui e gostando muito”, conta ele, um baiano da cidade de Mundo Novo que fixou residência em Curitiba há 22 anos. Sua contratação aconteceu na maturidade, aos 55 anos, depois de um intervalo de 7 anos sem trabalhar. A oportunidade veio do banco de vagas do Sine (Sistema Nacional de Emprego).

“É um funcionário ótimo”, avalia Creuza Sales. Ela é a chefe de José, que se locomove com a ajuda de uma cadeira de rodas desde criança, como sequela da paralisia infantil.

Já a curitibana Graziele é funcionária antiga. Está no posto desde 2017 e não pensa em deixar de fazer o trabalho que executa desde o primeiro dia do seu primeiro emprego. Com deficiência intelectual, ela não sabe dizer que idade tem, mas vai e volta sozinha de casa para o trabalho, de ônibus, e gosta do que faz.

“Quero continuar aqui, é um lugar bom”, garante a empacotadora, que conseguiu o emprego por meio de uma parceira da empresa – a Unilehu, organização do terceiro setor que atua com aprendizagem profissionalizante voltada para o público com deficiência.

Parceiros da inclusão

Em Curitiba, cerca de 60 organizações de diferentes segmentos econômicos estão abertas à contratação de trabalhadores com deficiência por meio da Câmara de Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mundo do Trabalho.

Além de buscarem profissionais com esse perfil no mercado, elas apoiam e participam das feiras de empregabilidade promovidas pelo Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência (DPCD) da Prefeitura. 

Para participar, as interessadas devem entrar em contato com o Departamento de Direitos da Pessoa Com Deficiência, por meio do telefone 41 3221-2265 ou e-mail do endereço eletrônico alaurindo@curitiba.pr.gov.br.

Serviço: Câmara de Inclusão se reúne

A próxima reunião da Câmara está marcada para o dia 20/9 (quarta-feira), às 14h, na sede do Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência (DPCD), durante a Semana da Empregabilidade da Pessoa com Deficiência promovida pela Fundação de Ação Social (FAS).

O DPCD fica na Rua Schiller, 159, Cristo Rei.



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