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Líder Yanomami, Davi Kopenawa, quer que COP30 priorize povos indígenas e Amazônia


A próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP30, será realizada em Belém do Pará, na Amazônia, terra ancestral de diversos povos indígenas, incluído os Yanomamis, que detêm a maior reserva indígena do Brasil.

Para o líder espiritual e político do povo Yanomami, “o planeta não é o culpado” pelo aquecimento global e sim o Estado. Em entrevista ao Podcast ONU News, Davi Kopenawa relatou que considera a floresta sua casa e por isso tem percebido sinais alarmantes de como a mudança climática impacta a Amazônia.

Davi Kopenawa, do povo Yanomami, fala da importância de saberes indígenas para proteção do planeta

Mudança climática e mineração

“Recebe muitas coisas, recebe muita doença, fumaça, muito calor, muita chuva. E outras doenças que nunca tinham chegado. E a violência, o garimpo ilegal, mineração e muitas coisas que o homem branco está inventando cada vez mais”.

Ele ressaltou a preocupação com a chegada de enfermidades como gripe, pneumonia e malária. De acordo com Kopenawa, o garimpo ilegal tem impacto direto na saúde dos povos indígenas.

O líder indígena explicou que a terra Yanomami abrange áreas nos estados de Roraima e do Amazonas, sendo que os garimpeiros se instalaram especialmente no território roraimense. Ele contou que seus parentes que vivem nessa região, mais próxima do garimpo, ficaram “muito mal”.

Kopenawa ressaltou que já são quatro anos de atividades extrativistas irregulares perto da comunidade indígena, que resultaram na morte de peixes que serviam de sustento e na propagação de doenças fatais, que continuam presentes.

Agentes do SUS prestam socorro aos Yanomamis

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Sabedoria ancestral

Ele lamentou que a sociedade não-indígena tenha pouco interesse em aprender com os povos originários a cuidar da natureza e só aprendam a destrui-la.

“Nós, liderança, já falamos com autoridade, com antropólogos, com as pessoas que estão fazendo visitas. Gente com autoridade em Brasília, mas eles não querem aprender porque são acostumados a fazer muito mal. Estão acostumados a saber dirigir nosso Brasil, mas não sabem dirigir, não sabem cuidar, não amam a terra, não amam a floresta, não amam os rios, a cachoeira. É por isso que eles não aprendem”.

Lamentando a o desmatamento e destruição da floresta, poluição dos rios, e brigas políticas que afetam os povos indígenas, Kopenawa disse que busca através de seus conhecimentos tradicionais a “proteção de seu povo pela força da natureza”.

O líder Yanomami pediu que o “povo da cidade” faça um esforço para “pensar, sonhar e respeitar” o equilíbrio necessário “para todos viverem bem”.

O Rio Tapajós corre 840 quilômetros através do coração da Amazônia brasileira, atravessando territórios indígenas, parques nacionais, cidades pobres e muitos dos locais de mineração de ouro em pequena escala do Brasil - ou garimpos

O Rio Tapajós corre 840 quilômetros através do coração da Amazônia brasileira, atravessando territórios indígenas, parques nacionais, cidades pobres e muitos dos locais de mineração de ouro em pequena escala do Brasil – ou garimpos

A Árvore dos Sonhos

Presente em Nova Iorque para exibição do curta-metragem “Mãri Hi – A Árvore do Sonho” organizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, ele disse esperar que esse tipo de produção cultural desperte mais interesse sobre o povo Yanomami, que vive próximo da “grande alma da floresta amazônica”.

Segundo Kopenawa, os ancestrais do povo Yanomami plantaram uma árvore dos sonhos no meio do planeta Terra e ela “leva ao mundo inteiro um sonho que ensina a humanidade a cuidar do que é bom”.

Ele disse esperar que essa sabedoria originária do povo Yanomami “ajude o homem da cidade a sonhar e preservar a natureza”. 



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