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Autora do Livro “Tudo é Rio” vem a Curitiba para encontro literário no MON

A escritora mineira Carla Madeira, autora do romance “Tudo é Rio”, participa, na próxima quinta-feira (30/6), do encontro que marca a volta do “Conversa entre Amigos”. O bate-papo entre autora e leitores, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR), está marcado para as 19h e será conduzido pelo idealizador do projeto de incentivo à leitura, Marcelo Almeida. 

Carla Madeira foi a mulher que mais vendeu livros na ficção nacional em 2021. O sucesso valeu a indicação ao prêmio “Faz a Diferença”, do jornal O Globo, na categoria literatura. Depois de vender em dois meses de 2022 o equivalente a 50% do total vendido no ano passado, ‘Tudo é Rio’ alcançou a marca de 100 mil exemplares comercializados. A escritora tem ainda outros dois livros: “Véspera”, lançado pela Record em 2021, e “A Natureza da Mordida”, que será relançado até o fim do ano.

Promovido pelo MAC | Marcelo Almeida Cultura, com o apoio da Prestinaria, o evento é gratuito e aberto ao público, que precisa apenas fazer a reserva antecipada do lugar para assistir ao bate-papo no auditório Poty Lazzarotto e participar também da sessão de autógrafos depois da apresentação. Através de parceria com a livraria Arte & Letra, exemplares de “Tudo é Rio” estarão disponíveis para venda no MON. 

Criado em 2004, o projeto “Conversa entre Amigos” tem o objetivo de estimular o hábito da leitura e formar uma rede de discussão literária. Já passaram pelo programa convidados internacionais como o prêmio Nobel J.M. Coetzee e o autor moçambicano Mia Couto, além de grandes nomes da literatura brasileira, como Milton Hatoum, Carola Saavedra, Cristóvão Tezza e Miguel Sanches Neto. 

A programação de encontros literários, que foi interrompida durante a pandemia, será retomada com a presença de Carla Madeira. “A autora foi escolhida porque a obra é brilhante. Ganhei o livro de presente da amiga e jornalista Marleth Silva e decidi fazer o convite à autora assim que terminei de ler. Li inteiro de uma só vez, porque não conseguia parar. Está entre os melhores livros que já li. Por isso, senti a necessidade de compartilhar. Vários convidados do encontro já receberam o livro de presente e estão lendo para participar do bate-papo. Mas quem não leu também tem lugar na plateia. Tenho certeza de que vão sair de lá encantados como eu”, afirma Marcelo Almeida.  

Sobre Tudo é Rio

Em “Tudo é Rio”, Carla Madeira entrelaçou as histórias do casal Dalva e Venâncio – arruinado por uma tragédia – e da prostituta “por vocação” Lucy. Com narrativa impactante e hipnotizante, o romance foi reeditado em 2021 a convite da vice-presidente da editora Record, Roberta Machado, que ficou apaixonada e identificou na obra um “livro-viral”. 

A história do livro não é recente e já tem mais de duas décadas, segundo a autora. “Eu comecei a escrever Tudo é Rio em 98. Mas a cena brutal e central do romance me deixou paralisada por 14 anos. O assombro inicial me fez perceber que não tinha maturidade para lidar com a história ainda. Foi uma pausa formal apenas, porque a obra continuou sendo produzida na minha cabeça. Quando voltei para o livro, depois de ser mãe e com toda a correria da agência, escrevi tudo em oito meses. Coloquei a história no papel como o fluir de um rio”, lembra. 

O primeiro lançamento de “Tudo é Rio”, em 2014, teve uma tiragem inicial de 700 exemplares. Sócia e diretora de criação da agência de comunicação Lápis Raro, a autora cuidou da edição e a Editora Quixote fez a distribuição. “Foi uma parceria quase de uma produção independente. Só que a demanda foi alta. As pessoas liam e voltavam às livrarias para agradecer pela indicação e para comprar mais um exemplar para dar de presente. Ali senti que havia um impacto no leitor, que foi crescendo, na medida em que o livro também foi ficando mais acessível, com distribuição mais robusta”, conta. Pela Quixote, foram seis impressões de “Tudo é Rio”, com a venda de mais de 10 mil exemplares. 

Com originalidade textual e uma abordagem extremamente humanizada dos personagens,  “Tudo é Rio” já encantou leitores famosos, como o escritor Mia Couto e o produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, e despertou interesse de públicos distintos, incluindo psicanalistas e presos que participam de programas de remissão de pena através da leitura. Para a autora, o sucesso editorial entre leitores com diferentes perfis pode ser explicado pela forma como o romance passa por questões como a violência doméstica, tabus sexuais como o incesto e a rejeição da maternidade.

“Sem reducionismo, mas com um texto fluido e de fácil compreensão, o livro mexe com aquilo que já ocupa um território dentro da gente e remexe com os nossos sentimentos. Estão ali questões complexas sobre sexualidade, violência, religiosidade, impunidade, perdão. Mas a obra, apesar de lidar com questões muito pesadas, tem uma abordagem poética. Isso faz com que as pessoas consigam olhar para essas questões de uma maneira diferente”, avalia a autora.