O recrutamento de crianças por gangues armadas no Haiti atingiu níveis alarmantes, com uma alta acima de 70% registrada entre o segundo trimestre de 2023 e 2024. O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, revelou que esse nível não tem precedentes.
De acordo com o informe, publicado esta segunda-feira em Porto Príncipe e Nova Iorque, os menores de idade perfazem entre 30% e 50% dos membros de gangues no país atingido pela violência.
Comunidades que antes eram pacíficas
A ONU estima que grupos armados controlem até 85% de Porto Príncipe e que estes tenham expandido sua influência chegando agora a comunidades que antes eram pacíficas “em uma tentativa de dominar toda a capital”.
No país com mais de 60% da população vivendo com menos de US$ 4 por dia, a crise de proteção é “cada vez pior” para crianças da ilha caribenha marcada pela violência.
Para a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, as crianças no Haiti “estão presas em um círculo vicioso, ao serem recrutadas para os mesmos grupos armados que estão alimentando seu desespero e em números que estão crescendo”.
A também defensora do Comitê Permanente Interagências para o Haiti assinala “uma tendência inaceitável que deve ser revertida, garantindo que a segurança e o bem-estar das crianças sejam priorizados por todas as partes.”
Colapso da infraestrutura essencial
Entre os fatores que ditaram a escalada da violência no Haiti estão pobreza generalizada, falta de educação e o “quase colapso da infraestrutura essencial e dos serviços sociais haitianos”.
As crianças são frequentemente coagidas a se juntar para sustentar suas famílias ou cedem a ameaças à sua segurança. Muitas delas são “recrutadas após serem separadas de seus cuidadores, privadas de proteção e opções de sobrevivência.”
Entre os fatores que ditaram a escalada da violência no Haiti estão pobreza generalizada, falta de acesso à educação e o “quase colapso da infraestrutura essencial e dos serviços sociais haitianos”.
As crianças são frequentemente coagidas a se juntar para sustentar suas famílias ou cedem a ameaças à sua segurança. Muitas delas são “recrutadas após serem separadas de seus cuidadores, privadas de proteção e opções de sobrevivência.”
Nesse contexto, elas estão “vivendo em um número cada vez menor de áreas fora do controle de grupos armados” e são frequentemente olhadas com suspeita. Elas correm o risco de serem rotuladas como espiãs ou até mesmo mortas por movimentos de vigilantes.
Por outro lado, suas vidas e segurança ficam imediatamente em risco quando elas desertam ou se recusam a se juntar à violência.
O Unicef lista ainda as atrocidades cometidas a crianças em muitas partes ressaltando atos que “nenhuma delas deveria ter que vivenciar cicatrizes psicológicas e emocionais que podem assombrá-las por toda a vida”. Russell ressalta que “o caos e o horror se tornaram parte da vida.”
Ameaça de violência armada
A capital do Haiti, Porto Príncipe, concentra cerca de 1,2 milhão de crianças vivendo sob ameaça de violência armada. Estima-se que 25% dos 703 mil deslocados internos, ou 365 mil menores, estejam em “condições terríveis e expostas a múltiplas ameaças”.
Ao mesmo tempo, os níveis de agressão sexual e estupro se tornaram desenfreados no Haiti.
De acordo com o Gabinete da Representante Especial do Secretário-Geral para Crianças e Conflitos Armados, Virginia Gamba, destaca que somente neste ano, houve uma alta de mais de 10 vezes em termos de crianças expostas à violência sexual.
A agência revelou ter alcançado mais de 25 mil beneficiários de serviços e ações de auxílio relacionados à violência sexual e de gênero, incluindo gerenciamento de casos de vários setores como apoio psicossocial e sensibilização comunitária.
Recentemente, um relatório ao Conselho de Segurança caracterizou o desespero que geralmente leva menores a se juntarem a gangues. Uma delas relatou ter recebido US$ 33 por semana e outra disse ter ganho milhares de dólares num mês.
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