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Direitos humanos são conteúdo obrigatório em capacitação de servidores de Curitiba


Recém-chegada a Curitiba, a cubana Haila García Perez já aprendeu o caminho do Cras Boqueirão. É lá, no centro regional de assistência social, que a técnica em Contabilidade e em Auditoria vinda de Havana procura se informar, por exemplo, sobre como fazer o RNE (Registro Nacional de Estrangeiro). “Aqui sou bem recebida e sei que vou ser bem orientada”, diz a jovem de 22 anos, tentando expressar em português ideias que vêm à cabeça em espanhol.

Haila é atendida pela equipe da coordenadora do serviço, Denise Nunes, acostumada a receber estrangeiros. “Ela já sabe que não prestamos esse serviço e, agora, está informada sobre como chegar à Polícia Federal. Também já a convidamos para fazer o curso de português, como fazemos com todos os estrangeiros. Ajuda muito na hora de conseguir trabalho”, conta a técnica, que atende cerca 60 famílias de migrantes por mês.

Atualização contínua

Para garantir o sucesso no atendimento de pessoas como Haila, a Secretaria do Governo Municipal da Prefeitura aposta em capacitações dos servidores previstas no Plano de Governo do prefeito Rafael Greca para o período 2017/2024.  Nesta semana, a atividade acontece na Rua da Cidadania do Boqueirão.

A oportunidade de reciclar conhecimentos é bem-vinda pelos servidores. É o que conta o guarda municipal Lemos Souza, supervisor da corporação na mesma regional e que havia passado pela reciclagem no dia anterior. Com 31 anos no setor, ele relata que já teve seus conhecimentos sobre relacionamento com o cidadão postos à prova muitas vezes e que se saiu bem justamente por estar em dia com os regulamentos.

Como exemplo, cita o dia em que precisou alertar os colegas de farda sobre o uso do banheiro feminino da Rua da Cidadania por uma mulher trans. “Ela é uma mulher e está no direito dela”, observou aos colegas. A Resolução Federal nº 15, por exemplo, trata do uso de banheiros por pessoas LGBTI+ em instituições públicas de ensino. “Todos são pessoas e nós precisamos estar informados para atuar. E todo dia se apresenta uma situação diferente, um desafio novo”, explica.

Direitos humanos na prática

Dicas relacionadas às pessoas com deficiência também estão no programa da capacitação. “É uma oportunidade para que os colegas de serviço público que não são da nossa área se abram para o universo particular de quem tem deficiência”, observa a diretora do Departamento dos Direitos da Pessoa Com Deficiência, Denise Moraes, que começou a abordagem provocando a audiência.

Em vez de relatar o que diz a Lei Brasileira de Inclusão e enumerar obrigações, Denise abriu sua fala se descrevendo para o público. Ao seu lado, uma intérprete de Libras repetia, na língua de sinais, o que ela estava dizendo. “Já se puseram no lugar de alguém que não vê e não pode entender detalhes do que você está dizendo porque ele não pode ver placas e cores? Ou, então, quem já não teve dificuldades de orientar um surdo? Como agir nessas situações”, começou.

A capacitação ocorre duas vezes por ano e, desta vez, deve envolver cerca de 500 servidores. A ação já passou pela Regional Pinheirinho e, nesta quinta-feira (29/6), encerra o quarto dia de aulas no Boqueirão. A seguir, vai até os servidores da Regional Santa Felicidade. Até agosto, quando termina a ação, cerca de 500 servidores deverão estar capacitados.



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