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Teatro Cleon Jacques completa 25 anos e mantém vocação para montagens inovadoras em Curitiba


Um dos espaços cênicos mais emblemáticos de Curitiba, hoje integrado ao complexo do Memorial Paranista, no Parque São Lourenço, o Teatro Cleon Jacques está completando 25 anos. Nesse tempo abrigou centenas de espetáculos, mantendo a sua proposta original de acolher produções contemporâneas, adaptáveis ao seu formato alternativo e versátil.

Inaugurado em 21 de julho de 1998, no antigo Centro de Criatividade de Curitiba, o espaço em pouco tempo se consolidou na cena teatral com o nome de um dos mais criativos diretores do teatro paranaense, morto precocemente no ano anterior, aos 31 anos. Personagem de destaque nas décadas de 1980 e 90, ele deixou uma obra significativa e influenciou uma geração de artistas.

“O espaço eternizou o nome de Cleon Jacques, um grande artista do teatro paranaense, ao mesmo tempo em que deu à nossa cidade um teatro de vanguarda, adaptado para montagens experimentais e inovadoras”, destaca a primeira-dama Margarita Sansone, na época, presidente da Fundação Cultural de Curitiba.

Vocação

Os antecedentes da criação do Teatro Cleon Jacques já indicavam a vocação do antigo galpão de marcenaria do Centro de Criatividade para abrigar um espaço cênico. Quando foi coordenadora do CCC, Ana Cristina de Castro, atual presidente da Fundação Cultural de Curitiba, já havia usado o local para o projeto Shakespeare no Parque, com encenações das peças Sonhos de uma noite de verão e Hamlet, dirigidas por Marcelo Marchioro.

A ideia deu certo e fez vingar a possibilidade de transformar aquele prédio definitivamente em um teatro, o que se consolidou na gestão de Margarita Sansone. Ana Castro e Edson Bueno, então assessores da presidência, idealizaram e cuidaram da transformação definitiva do local em uma nova unidade cultural, inaugurada com a estreia do espetáculo Alice Através do Espelho, da Armazém Companhia de Teatro.

“A companhia londrinense buscava um espaço alternativo em Curitiba para a encenação da peça, que era totalmente interativa. E não existia ainda na cidade um lugar assim. Foi quando resolvemos reformar aquele espaço, inaugurando o Teatro Cleon Jacques”, conta Ana Castro.

“Foi o maior sucesso e logo o teatro se tornou espaço de referência para espetáculos de teatro e dança de altíssima qualidade”, lembra Edson Bueno, diretor de Ação Cultural da FCC, citando como exemplo a premiadíssima peça “Juventude”, de Felipe Hirsch, a produção “Meu pé de laranja lima”, de Cleide Piasecki, além de inúmeros espetáculos do Festival de Teatro de Curitiba.

Também ator e diretor teatral, o próprio Edson Bueno teve peças premiadas encenadas no Cleon Jacques, como “Onde estivestes à noite”, peça baseada na obra de Clarice Lispector e Julio Cortázar, que lhe deu o prêmio Gralha Azul de melhor diretor. “O Teatro Cleon Jacques foi uma super inovação para Curitiba”, resumiu Bueno.

Em 2007, o Teatro Cleon Jacques passou por reformas e recebeu melhorias importantes, mas sem perder a sua essência como espaço de vanguarda, voltado a receber montagens experimentais. “Essa reforma aconteceu no contexto de um plano maior de revitalização dos espaços culturais da FCC. As melhorias foram significativas. Foram construídos os camarins, criada uma melhor estrutura de palco, reformado o foyer e instalados equipamentos de sonorização e iluminação cênica”, lembra Beto Lanza, atual diretor de Planejamento da FCC, na época diretor de Ação Cultural.

Transformação

A segunda grande transformação do Teatro Cleon Jacques aconteceu em 2021, quando foi novamente reformado para se integrar ao Memorial Paranista, tornando-se um dos elementos de destaque do complexo cultural criado para homenagear o escultor paranaense João Turin, um expoente do movimento paranista.

Internamente o teatro foi totalmente reformulado para garantir mais conforto ao público e melhores condições técnicas para as encenações. A estrutura de palco e os camarins foram novamente. Porém, a concepção inicial foi mantida. O palco e as cadeiras são removíveis para se adaptar às encenações.

“A lógica de ocupação do espaço nunca se alterou. Sempre foi um espaço dinâmico, para montagens não convencionais, que não utilizam o tradicional palco italiano, permitindo que se monte a sala de acordo com a proposta estética do espetáculo”, explica Beto Lanza, diretor de Planejamento da FCC

Para a presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Ana Cristina de Castro, o esse teatro é parte da história cultural da cidade e, mesmo com o surgimento de novos espaços, sempre será o pioneiro na cena contemporânea. “Curitiba se orgulha de ter o Teatro Cleon Jacques, que agora, no Memorial Paranista, se perpetua como espaço de criação e inovação”, diz Ana Castro.



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