Startup curitibana de cannabis medicinal se prepara para ser a primeira do país a abrir capital na bolsa de valores

Fundada no ano de 2019, com sede de negócios em Curitiba (PR) e de produção na Zona Franca de Florida, no Uruguai, a Productora Uruguaya de Cannabis Medicinal (PUCMED) se consolidou rapidamente como uma das grandes referências mundiais no cultivo de flores de cannabis e no fornecimento de derivados de biomassa vegetal para fins industriais, medicinais e científicos. Agora, a startup Brasileira-Uruguaia se prepara para ser a primeira do país a abrir capital na bolsa de valores, com foco inicial na bolsa de Toronto, no Canadá, e, dependendo de sócios estratégicos, na de São Paulo (B3).

Comandada pelo Dr. Alfonso Cardozo Ferretjans, a PUCMED tem um objetivo ousado: se transformar no primeiro unicórnio da indústria da cannabis na América Latina, ou seja, primeira startup do setor avaliada em mais de US$ 1 bi. Com a produção toda concentrada no Uruguai, a produtora conta com uma área com 15 hectares para o cultivo de flores de cannabis, que seguem os mais elevados padrões globais de excelência para uso medicinal. São 11.000 m² de estufas climatizadas, com produção semihidroponia, e 10.000 m² de área aberta para cultivo ecológico desenvolvido somente com produtos autorizados pela União Europeia.

“Além da nossa produção própria, que segue os principais indicadores e exigências globais, recentemente acertamos o direito de compra de flores e biomassa de cannabis de um parceiro estratégico. Com isso, contamos hoje com o maior estoque da América Latina, com potencial para produzir mais de 2 milhões de frascos e produtos à base de cannabis”, destaca o Dr. Alfonso Cardozo Ferretjans.

Atualmente, em parceria com associações e atendendo importações individuais, a PUCMED tem capacidade para tratar mais de 7 mil pacientes por mês, mas esse número vai aumentar consideravelmente. Com a expansão de seus laboratórios na Zona Franca de Florida, no Uruguai, a startup deve fechar 2023 com a capacidade para atender mais de 22 mil pessoas mensalmente. “Com a venda de flores e biomassa para a extração de fitocannabinoides, com quais são produzidos os óleos, conseguimos tratar de patologias como epilepsia, Parkinson, esclerose múltipla, dores crônicas, Alzheimer, insônia e ansiedade, além de patologias ginecológicos e odontológicos, como o bruxismo. Já há comprovação de que o corpo humano conta com um sistema endocanabinoide, que responde pela intersecção e comunicação de células, receptores e enzimas de vários órgãos. Por esse motivo, esses produtos conseguem auxiliar na regulação de processos corporais, contribuindo para o sistema nervoso central e periférico, imunológico, endócrino e cardiovascular, entre outros”, complementa o especialista.

Em busca de oferecer novos serviços e facilitar o acesso dos brasileiros à cannabis medicinal, a PUCMED lançou, no final de 2022, uma nova startup no mercado nacional: a Anna Medicina Endocannabinoide, que acaba de lançar um marketplace para a aquisição de produtos com canabidiol no Brasil e criou os primeiros espaços físicos sobre o tema no país: na Santa Casa de Curitiba, hospital referência no Estado do Paraná, e no Eco Medical Center, um ecossistema completo de clínicas e serviços médicos na capital paranaense. A expectativa é de que até o final de 2024 existam pelo menos 50 centros de acolhimento Anna espalhados pelo Brasil.

Em dezembro do ano passado, a PUCMED assinou um convênio com a Belcher Farmacêutica, de Maringá (PR), especializada no desenvolvimento, fabricação e distribuição de medicamentos complexos, com foco na produção de fármacos à base de canabidiol no Brasil. “Com isso, as empresas passam a trabalhar para o desenvolvimento do mercado brasileiro, utilizando toda a expertise farmacêutica da Belcher e a excelência na produção de flores de cannabis que transformaram a PUCMED em uma referência global”, destaca o CEO da PUCMED. Outro convênio importante da startup foi assinado com o Instituto de Tecnologia do Estado do Paraná (TECPAR), que tem por objetivo de promover uma troca de experiências, transferir tecnologias e fornecer informações técnicas para o desenvolvimento de pesquisas na área da cannabis.

Para os três próximos anos (2023, 2024 e 2025), a PUCMED prevê um faturamento de aproximadamente US$ 90 mi. A startup deve faturar, de acordo com balanços atuais, US$ 13 mi em 2023, US$ 28 mi em 2024 e US$ 42 mi em 2025. “Estamos estruturando a PUCMED de maneira muito responsável, com foco em excelência e resultados em um setor que tem tudo para atingir uma expansão recorde nos próximos anos, principalmente pelo fato dos governos estarem percebendo, com o auxílio da ciência, o real potencial da cannabis medicinal. Estamos acompanhando o início de um processo, que trará grandes inovações e resultados expressivos para a saúde global”, completa Alfonso.

Um potencial bilionário

O mercado da cannabis medicinal poderá atingir US$ 30 bi ao ano no Brasil a partir de 2030, segundo os dados da Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis (Abicann). Os diversos produtos com as propriedades terapêuticas poderiam beneficiar e reduzir sintomas de pelo menos 18 milhões de brasileiros, o equivalente a quase 10% da população.

Dados da consultoria Kaya Mind estimam que, após o quarto ano da legalização, a cannabis medicinal poderia movimentar R$ 9,5 bilhões ao ano. A entidade também é mais otimista em relação ao volume de pessoas que poderia se beneficiar dos tratamentos: quase 40% da população ou 78 milhões de brasileiros, considerando as comprovações do tratamento em diversas enfermidades.

Com uma regulação mais aberta, os produtos derivados da cannabis medicinal também poderiam ter fabricação própria nacional, incluindo seus insumos – algo vedado pela legislação atual. Essa atuação reduziria o seu preço, fazendo com que se tornassem mais acessíveis para boa parte da população.

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Médico aponta 5 tendências para a saúde digital em 2023 

Pela primeira vez em mais de 60 anos o crescimento populacional da China foi negativo, o que já acontece na Europa há tempos. A consequência é clara: à medida que a população envelhece, mais o sistema de saúde é sobrecarregado. Contudo, mesmo com a clara necessidade de mais profissionais de saúde atuantes, cada vez menos trabalhadores parecem se interessar pela área médica

“Dois fatores têm afastado muitos profissionais da saúde da área médica, são eles: o déficit de remuneração e o aumento de casos de Burnout, visto que a categoria foi muito exigida nesses últimos anos de pandemia”, comenta o Dr. Eduardo Cordioli, médico e Head de Inovação da Docway, empresa de saúde digital que oferta soluções completas de telemedicina.

Para contornar esse e outros problemas, a saúde digital vem se consagrando como uma alternativa eficiente e acessível, trazendo mudanças significativas para o sistema em 2023. Segundo Cordioli, as maiores tendências são: equidade, computação de dados, inteligência artificial, sustentabilidade e inovação.

“Uma das barreiras que temos hoje é a grande disparidade nas condições de saúde globais. Por exemplo, se uma empresa multinacional emprega funcionários de diversas regiões do país, obviamente eles terão disparidade no acesso à saúde, o que é injusto. Mas quando falamos de saúde digital o fundamento principal é a equidade, desde o acesso até o desfecho”, explica.

Já através do avanço do 5G e do poder computacional, Cordioli aponta que é possível transitar dados de um paciente em diferentes cenários sem a necessidade do retrabalho, tornando o mercado da saúde mais resiliente. “Cada vez mais teremos computadores capazes de realizar cálculos avançados com menos custo e em menor tempo, permitindo modelos de cuidados alternativos, como a medicina preventiva e participativa, em que o autocuidado é facilitado pela inteligência artificial”, diz.

O médico ressalta ainda que a saúde digital é verde, pois consome menos carbono. “Se uma pessoa precisa ir ao médico e pode fazer parte da jornada em casa, ela diminuiu a emissão de gases poluentes para o meio ambiente, causando menos fricção ao sistema. Neste ponto, é possível ainda transformar as linhas de serviço de grandes operadores e empresas de saúde em crédito de carbono, a fim de garantir uma recuperação desse investimento”, sugere.

Por fim, mas não menos importante, Cordioli comenta que a saúde digital está usando de forma cada vez mais assertiva a tecnologia da informação. “O desenvolvendo de ferramentas que apoiam a medicina feita à distância é essencial para dar mais acesso, tornar o contato mais ágil e melhorar a experiência do usuário, garantindo uma maior adesão ao sistema de saúde. Afinal, quanto mais cuidado o paciente receber, menos doenças ele vai ter”, complementa.

Paciente descobre tumor no pulmão em exames pré-cirúrgicos para tratar câncer de mama

“Foram dois baques: primeiro a descoberta de um tumor na mama e, em seguida, outro no pulmão”, conta Simone Barbosa. “Acabei atrasando meus exames de rotina na pandemia da covid-19 e, quando fiz, descobri um caroço no seio do tamanho de um feijão. Durante os exames pré-operatórios para cirurgia de retirada, encontraram uma mancha de 5 centímetros no meu pulmão”, relata. A empresária teve tumores sincrônicos, que surgem no mesmo momento, mas sem relação um com o outro. Realizou duas cirurgias em um intervalo de 30 dias, uma na mama e outra, via robótica, no pulmão. 

“Foram dois tratamentos concomitantes, mas em separado pela natureza de cada um. A paciente descobriu o câncer no pulmão graças aos exames para cirurgia da mama e com isso conseguiu tratar precocemente. Mesmo assim, foi necessário retirar uma parte do pulmão esquerdo e ela perdeu uma parcela da capacidade respiratória, que tende a ser recuperada com fisioterapia e reablitação”, explica o cirurgião torácico do Hospital Marcelino Champagnat, Leonardo Rottili Roeder. “Ela não tinha nenhum sintoma da doença e isso faz com que esse tipo de tumor seja descoberto tardiamente pela maioria dos pacientes”, complementa.

Segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 85% dos casos de câncer no pulmão são descobertos em fases mais avançadas. Isso ocorre porque os sintomas da doença são facilmente confundidos com problemas respiratórios, como asma e bronquite. Tosse persistente (com ou sem sangue), falta de ar, dor no peito, infecções de repetição e fadiga também são sinais de alerta.

Robótica

A cirurgia para retirada do lobo superior esquerdo do pulmão da Simone foi feita em janeiro de 2022 por meio da cirurgia robótica, com a plataforma Da Vinci X. Nesse tipo de procedimento, uma pequena câmera é colocada dentro do paciente oferecendo imagens de alta definição em 3D, ampliadas em até 20 vezes, com braços articulados e movimentos mais precisos que o da mão humana. O cirurgião controla, por um painel na sala cirúrgica, um robô com quatro braços mecânicos equipados com diversos instrumentos médicos. 

O equipamento robótico é utilizado no tratamento de câncer de pulmão e tumores do mediastino, e também nos casos de alta complexidade em que a cirurgia por vídeo possa vir a ser de difícil execução. “A robótica se destaca por promover maior estabilidade, precisão e movimentos cirúrgicos. É um procedimento com menos cortes, perda de sangue, risco de infecção e, consequentemente, recuperação mais rápida do paciente”, ressalta o cirurgião.

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