Petrobras sobe preços da gasolina e do gás de cozinha mais uma vez

No dia em que foi anunciado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que a inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acelerou para 1,16% em setembro, a maior taxa para o mês desde 1994 (1,53%), a Petrobras divulgou aumentos de 7,2% nos preços da gasolina e do gás de cozinha em suas refinarias. O preço do óleo diesel, que foi reajustado na semana passada, permanecerá estável.

Segundo a estatal, o litro da gasolina vendida por suas refinarias passará de R$ 2,78 para R$ 2,98, um reajuste médio de R$ 0,20. Em nota, a empresa destacou que é o primeiro aumento em 58 dias.

Já o quilo do gás de cozinha passará de R$ 3,60 para R$ 3,86, alta de R$ 0,26. Assim, os 13 quilos necessários para encher um botijão custarão na refinaria o equivalente a R$ 50,15.

O preço do gás de cozinha nas refinarias da estatal ficou 95 dias sem reajustes, embora as cotações internacionais tenham disparado com o aumento da demanda na Europa.

Segundo a estatal, os reajustes “refletem parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo, impactados pela oferta limitada frente ao crescimento da demanda mundial, e da taxa de câmbio, dado o fortalecimento do dólar em âmbito global”.

Em comunicados sobre os reajustes, a companhia defende que a variação dos preços é importante “para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras”.

Na semana passada, a estatal subiu o preço do diesel em 8,9%, no primeiro reajuste depois de 85 dias.

Inflação

Pressionada pela energia elétrica, a inflação oficial do país acelerou para 1,16% em setembro e, assim, o IPCA também quebrou a barreira simbólica dos dois dígitos no acumulado de 12 meses. Nesse período, a alta chegou a 10,25%.

Trata-se da maior variação em 12 meses desde fevereiro de 2016 (10,36%). À época, a economia brasileira amargava período de recessão.

Apesar de robusto, o avanço de 1,16% em setembro veio um pouco abaixo das expectativas do mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam variação de 1,25%. Em agosto, o IPCA havia subido 0,87%.

No acumulado de 12 meses, o IPCA ampliou a distância frente ao teto da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central). O teto é de 5,25% em 2021. O centro é de 3,75%.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em setembro. No resultado mensal, o maior impacto (0,41 ponto percentual) e a maior variação (2,56%) vieram do segmento de habitação, que acelerou em relação a agosto (0,68%).

O resultado desse grupo foi puxado novamente pela energia elétrica. A conta de luz subiu 6,47% e teve o principal impacto individual (0,31 ponto percentual) no IPCA de setembro. A energia acumula alta de 28,82% em 12 meses.

O IBGE ressaltou que, em setembro, passou a valer a bandeira tarifária de escassez hídrica no país, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos. No mês anterior, a bandeira era a vermelha patamar 2, com acréscimo menor, de R$ 9,49.

Após habitação, os principais impactos vieram de transportes (1,82%) e alimentação e bebidas (1,02%). As contribuições para o resultado mensal foram de 0,38 ponto percentual e de 0,21 ponto percentual, respectivamente.

Em transportes, mais uma vez, o maior peso (0,18 p.p.) veio dos combustíveis, que subiram 2,43%, influenciados pela gasolina (2,32%) e pelo etanol (3,79%). Além disso, o gás veicular (0,68%) e o óleo diesel (0,67%) também apresentaram variação positiva.

Ainda em transportes, destacam-se as altas de 28,19% nas passagens aéreas, após queda de 10,69% em agosto, e de 9,18% nos transportes por aplicativo, cujos preços já haviam subido 3,06% no mês anterior.

O grupo de alimentação e bebidas (1,02%) teve uma leve desaceleração em relação ao mês anterior (1,39%) por conta do recuo das carnes (-0,21%), após sete meses consecutivos de alta. Isso acabou puxando a alimentação no domicílio para baixo (1,19%), frente ao resultado do mês anterior (1,63%).

“Essa queda das carnes pode estar relacionada à redução das exportações para a China. No início do mês, houve casos do mal da vaca louca na produção brasileira. Com a suspensão das exportações, aumentou a oferta de carne no mercado interno, o que pode ter reduzido o preço”, afirmou Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IBGE.

A escalada inflacionária ganhou corpo ao longo da pandemia. Em um primeiro momento, houve disparada de preços de alimentos e, em seguida, de combustíveis.

Alta do dólar, estoques menores e avanço das commodities ajudam a explicar o comportamento dos preços.

Não bastasse essa combinação, a crise hídrica também passou a ameaçar o controle da inflação neste ano. A escassez de chuva força o acionamento de usinas térmicas, o que eleva os custos de geração de energia elétrica. O reflexo é a luz mais cara nos lares dos brasileiros.

Há ainda o efeito da crise política protagonizada pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido). A turbulência em Brasília é um fator que joga o câmbio para cima.

Em uma tentativa de frear a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) passou a subir a taxa básica de juros (Selic).

Os preços em patamar alto, em um ambiente de juros maiores, desemprego acentuado e renda fragilizada, dificultam o consumo das famílias, sobretudo das mais pobres, e desafiam os investimentos das empresas.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, projetou na segunda-feira (4) que a inflação atingiria seu pico em setembro pelo IPCA.

“Setembro deve ser o pico da inflação em 12 meses. A gente entende que existe um elemento de persistência maior e, por isso, estamos sendo mais incisivos nos juros”, disse na ocasião.

O mercado financeiro vem subindo suas projeções para o índice de preços. A estimativa mais recente é de IPCA de 8,51% ao final de 2021, indicou o boletim Focus, divulgado pelo BC.

Nesta semana, relatório da consultoria MB Associados sublinhou que a “inflação seguirá sendo um risco em 2022”.

Para parte dos analistas, o país pode embarcar em um período de estagflação. O fenômeno é caracterizado por combinar fraqueza econômica e preços em alta.

Informações BANDA B

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Aumento do número de médicos não reduziu desigualdades, diz pesquisa

A pesquisa Demografia Médica, lançada hoje (8) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Associação Médica Brasileira, mostra que, apesar do expressivo crescimento no número de médicos nos últimos anos, permanece a desigualdade no acesso à medicina no Brasil.

Segundo o levantamento, em 2013, eram 357,5 mil profissionais, e, em 2023, chegou-se a 562,2 mil. Com isso, o Brasil apresenta um índice de 2,6 médicos por grupo de 1 mil habitantes. O número ainda está abaixo da média de 3,36 médicos por habitante entre os países avaliados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No entanto, é semelhante ao de países como os Estados Unidos (2,64) e o Canadá (2,77).

Diferenças regionais

Há desigualdades tanto na divisão regional, quanto na atuação nas redes pública e privada de saúde. No Norte, o índice é 1,45 médicos a cada grupo de 1 mil habitantes, e no Nordeste, de 1,93. Enquanto no Sudeste, a proporção é de 3,39 médicos para 1 mil habitantes. No Distrito Federal, o índice chega a 5,53 e em Vitória, no Espírito Santo, a 14,49.

O professor do departamento de Medicina Preventiva da USP, Mário Scheffer, que coordenou o estudo, destacou que há um desequilíbrio no número de profissionais que trabalham na rede privada e públicas de saúde. “Se eu tivesse uma palavra para resumir a oferta de médicos no Brasil eu diria que a marca é a desigualdade. Estamos falando de aumento quantitativo, mas a desigualdade é persistente”, diz.

Citando dados do estudo anterior que, de acordo com o pesquisador, se mantêm, ele ressaltou que apenas 21,5% dos médicos trabalham exclusivamente no Sistema Único de Saúde (SUS). “Mas 10% deles são médicos residentes que estão quase compulsoriamente porque a formação é no SUS”, acrescentou. Trabalham somente em hospitais e clínicas privadas, 28,3% dos médicos e 50,2% atuam nas duas redes.

Poucas consultas

Essa assimetria se reflete, segundo Scheffer, no acesso efetivo à saúde. A partir da análise das 660 milhões de consultas médicas realizadas em 2019, o estudo aponta que a população brasileira realiza, em média, 3,1 consultas por ano. O valor cai para 2,3 entre os usuários do SUS e fica em 3,3 para quem tem plano de saúde. O índice é menor do que a média dos países da OCDE, de 6,8 consultas por habitante por ano, e de países como Alemanha (9,8) e Canadá (6,6).

“A gente verifica que, apesar de termos um número razoável de médicos, a gente tem um número de consultas completamente inferior ao de outros países que têm número de médicos semelhante ao do Brasil. Isso porque a gente tem essa sobreposição de desigualdades, não é só o caso de uma distribuição regional. Também essa distribuição dos médicos no setor público e no setor privado, com essa consequência dramática de eficiência”, analisa a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro Ligia Bahia, que também participou do estudo.

Por isso, Ligia Bahia afirma que é necessário expandir a rede SUS como forma de garantir o acesso à saúde. “A gente precisa ter um sistema de saúde muito menos privatizado”, enfatiza.

Políticas de alocação

Scheffer defendeu adoção de políticas, como o programa Mais Médicos, que promovam a redistribuição de profissionais pelo país. Segundo ele, a abertura de cursos de medicina no interior do país não foi suficiente para levar os profissionais para localidades fora dos grandes centros econômicos. “Esse é um exemplo de política que deve continuar, mas considerar também as transformações que estão ocorrendo”, disse.

Para o coordenador do estudo, é preciso ter um planejamento na distribuição dos profissionais pelas diferentes regiões. “Um das questões é justamente qual o perfil do médico, a qualificação e a formação adequada para ocupar esses postos de trabalho onde ainda existe falta de médicos. Nesse sentido, os programas de alocação de médicos são importantes.”

O professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Mário Dal Poz, que também participou da pesquisa, acredita que é necessário identificar os incentivos que farão com que os médicos se fixem, ao menos por parte da carreira, em regiões mais afastadas. “Os médicos reagem a incentivos financeiros e não financeiros como qualquer outro profissional. Então, a questão de oferecer conjuntos adequados de incentivos: remuneração e uma série de outros que podem ser considerados para os lugares que se queira [levar os profissionais]”, diz.

Segundo o especialista, alguns países têm experiências bem-sucedidas nesse sentido, ao estabelecer carreiras para que esses profissionais também atuem em áreas mais remotas. “Como política pública, você tem experiências muito bacanas e que funcionam no Canadá, na Austrália e em vários outros países em que você incentiva esses médicos, cria condições para eles estarem um tempo lá e depois esses médicos evoluem – se casam, têm filhos – e eles têm outras oportunidades para ir para outros lugares”, comentou.

Fonte: Veja a matéria no site da Agência Brasil

Santander anuncia novas condições para adiantar o saque-aniversário do FGTS

O Santander Brasil acaba de anunciar as novas condições para adiantar o saque-aniversário com garantia do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). A modalidade possui juros iniciais de 1,89% ao mês, taxa menor que outras linhas de crédito pessoal. 

Entre as novidades estão a possibilidade de adiantamento de até cinco ciclos do saque-aniversário e o valor mínimo de R$ 300. A linha de crédito está disponível para correntistas do Banco.

“O adiantamento do saque aniversário é um crédito com garantia do FGTS, por isso é uma linha com taxas atrativas e que não compromete a renda mensal. A modalidade é uma excelente alternativa para quem quer fazer uma viagem ou para colocar as contas em dia”, explica a diretora de produtos de crédito para pessoa física do Santander, Luciana de Aguiar Barros.

Os correntistas podem aderir ao adiantamento do saque aniversário no aplicativo do FGTS ou pelo site www.fgts.caixa.gov.br, e autorizar o Santander a ter acesso aos dados. A operação é formalizada pelo canal de empréstimos ou pelo app do Banco, diretamente no chat GENT&. A adesão ao serviço é realizada mediante aprovação de crédito e condições no momento da contratação. Mais informações: https://www.santander.com.br/banco/saque-fgts.

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