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No sexto dia de imunizações, Pavilhão da Cura tem movimento tranquilo

O médico Maurício Montemezzo trabalha em três hospitais de Curitiba e foi um dos profissionais de saúde vacinados na manhã deste domingo (31/1), no Pavilhão da Cura, espaço especialmente preparado no Centro de Eventos Positivo, no Parque Barigui, para a vacinação contra o novo coronavírus em Curitiba.

Este domingo foi o sexto dia de imunização dos profissionais de saúde que estão na linha de frente no combate à covid-19 e que fazem parte das listas enviadas pelos hospitais. O atendimento, em caráter excepcional, foi das 9h às 15h. O centro de vacinação tem funcionado de segunda a sábado, das 8h às 20h.

Montemezzo recebeu a vacina produzida pela Universidade de Oxford e pelo Laboratório AstraZeneca e deverá monitorar pelo aplicativo Saúde Já a data em que deverá comparecer para a segunda dose.

Mesmo trabalhando na linha de frente no enfrentamento à pandemia, ele não teve covid-19 e comemorou a vacinação.

“Três professores meus morreram devido à doença, vi muitos colegas adoecerem seriamente e recentemente um familiar próximo teve covid grave. Apesar disso, pude ajudar muita gente”, contou ele que, após receber a vacina, aguardou até que fosse liberado.

“Geralmente médicos não têm medo. Você é treinado para isso e na maioria das vezes o profissional tem o controle da situação. O coronavírus ainda é algo que estamos aprendendo sobre ele, você encontra jovens obesos que morrem, idosos que se recuperam, situações sobre as quais a gente não tem controle. A pandemia nos leva a repensar o que é a nossa missão, como profissional de saúde”, analisa ele, que é médico há dez anos.

Quanto mais vacina melhor

“Com a vacinação, estamos vendo a esperança agora. Acredito que o mundo vai ser diferente, vamos aproveitar melhor a vida e a família. E não importa a vacina. Ainda bem que temos variedade de vacinas, quanto mais melhor”, detalha Montemezzo, que escolheu a profissão quando viu a mãe enfrentar uma doença grave e ele achou que poderia ajudar.

A técnica de enfermagem Joceane Gadea Soteros, servidora municipal há quase 15 anos, integra a equipe encarregada da vacinação no Pavilhão. Só neste domingo, o grupo disponível para o atendimento era formado por 66 profissionais entre enfermeiros, técnicos de enfermagem, recepção e logística e servidores voluntários.

“Sempre trabalhei na vacinação nas unidades de saúde por onde passei. Este é um momento histórico e um dos mais importantes da minha trajetória profissional. Me sinto feliz e honrada por poder colaborar. Aqui, vejo algumas pessoas se emocionando. São profissionais que perderam colegas e familiares, pessoas que não tiveram a chance de receber a vacina. Também vejo esperança. E alguns pedem até para fazer uma foto comigo”, conta Joceane.

“Sabemos que muitas pessoas estão ansiosas pela vacinação. O importante é que cada um a seu tempo será vacinado”, informou.

Funcionária do setor de limpeza na UPA Fazendinha, Angela Maria Munhoz não teve covid e, enquanto aguardava após a vacinação, disse que muita gente da família dela queria estar em seu lugar neste domingo.

“Agora já tomei, mas eu estava preocupada. Isso tudo é uma coisa nova que estamos vivendo”, declarou.

Funcionárias do Hospital Cruz Vermelha, da higienização, rouparia e hotelaria, formaram um grupo para se vacinar e registrar o momento.

Para evitar o desperdício

Após a verificação das informações de cada profissional agendado, eles aguardam o atendimento no setor indicado para a sua vacinação e são chamados pelo nome no painel eletrônico. O Pavilhão está dividido em quatro cores e há sinalização e comunicação visual indicativa, para facilitar o direcionamento de cada pessoa no momento da sua vacinação.

A equipe envolvida procura dar o melhor aproveitamento possível a todas as doses da vacina disponíveis. Neste domingo, primeiro dia de utilização da vacina AstraZeneca, também foram aplicadas doses da vacina Coronavac, que tem a opção unidose, ou seja, permite a vacinação de uma pessoa, sem que haja perda. “Nosso objetivo é que não tenhamos desperdício de vacinas”, esclarece a superintendente de Gestão da Secretaria Municipal da Saúde, Flavia Quadros.

A concentração inicial no Pavilhão, apenas nesta primeira etapa do programa de vacinação, foi feita justamente para diminuir a possibilidade de desperdício e assegurar o foco integral na vacinação dos grupos prioritários.

Desde sexta-feira (29/1) profissionais de saúde também estão sendo vacinados pelas equipes da Secretaria Municipal da Saúde dentro dos locais de trabalho (Pequeno Príncipe, Cajuru, Trabalhador, Evangélico Mackenzie e Hospital das Clínicas).

À medida que a cidade receba mais vacinas e possa estender para outros grupos, o processo será descentralizado, de acordo com o que está estabelecido no Plano Municipal de Imunização.

Até sábado (30/1) a Secretaria da Saúde aplicou 23.078 doses da vacina que imuniza contra o novo coronavírus.