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Hepatites virais podem levar a óbito; informação é caminho para controle

Hepatites virais são doenças caracterizadas pela inflamação do fígado e provocadas por cinco principais tipos diferentes de vírus (nomeados das letras A a E). Os agentes virais causadores das hepatites podem agir de maneira silenciosa durante anos, sem que a pessoa manifeste qualquer sintoma. Sendo assim, o diagnóstico e o tratamento precoces junto ao médico hepatologista são fundamentais para salvar vidas. 

Durante a avaliação médica para o diagnóstico e o cuidado de hepatites, alguns testes podem ser solicitados, como o exame de elastografia hepática. Trata-se de um método de imagem indolor e não invasivo que permite avaliar o grau de fibrose (processo de cicatrização causado por lesões contínuas) no fígado. Esses danos podem ser decorrentes de condições como cirrose, gordura ou câncer no fígado e hepatite.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, no Brasil foram notificados 718.651 casos confirmados de hepatites virais entre 2000 e 2021. Desse total, 168.175 (23,4%) são relacionados aos casos de hepatite A; 264.640 (36,8%) aos de hepatite B; 279.872 (38,9%) aos de hepatite C e 4.259 (0,6%) aos de hepatite D.

As mortes por hepatite C são a maior causa de óbito entre as do tipo viral, conforme o Ministério. De 2000 a 2020, foram identificados 62.611 mortes decorrentes da hepatite C (76,2% do total por hepatites virais). 

As hepatites B e C são as principais causas de cirrose hepática, doença hepática crônica e carcinoma hepatocelular (câncer), o que pode representar uma sobrecarga no Sistema Único de Saúde (SUS).

Em todos os casos, no entanto, as notificações apresentaram queda nos últimos anos. A hepatite A, por exemplo, teve uma redução de 95,6% entre os anos de 2011 e 2021.

Doenças silenciosas

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria das infecções agudas por hepatite apresenta quadro assintomático e sem diagnóstico correto. Dessa maneira, os sinais podem surgir apenas quando a doença estiver em estágio mais avançado. 

Em entrevista à imprensa, Lia Lewis, chefe do Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro, esclarece que o indivíduo pode desenvolver quadros graves de cirrose ou câncer no fígado se a detecção da doença for feita tardiamente. Quando indicado, o objetivo do trabalho em saúde é começar o tratamento quanto antes para evitar a progressão do problema.

Vale lembrar que o SUS disponibiliza testes rápidos para hepatite B e C. Por meio de uma gota de sangue, é possível identificar a presença da infecção. No caso da hepatite B, Ainda não existem remédios capazes de curar a doença, mas os fármacos disponíveis atualmente contribuem para o controle da carga viral e, consequentemente, da evolução da doença. A recomendação da OMS é que todos façam os testes disponíveis anualmente. 

Já em relação à hepatite C, os medicamentos disponíveis são altamente eficazes, com poucos efeitos colaterais e uma taxa de cura da doença maior que 95%.

Formas de prevenção

De acordo com a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), do Ministério da Saúde, as formas de prevenir hepatite B ou C incluem não compartilhar objetos perfurocortantes — como seringas, agulhas e alicate de unha — e não passar por procedimentos invasivos (tratamentos dentais, confecção de tatuagem, hemodiálise e cirurgias) sem os devidos cuidados de biossegurança. 

Além disso, é essencial não compartilhar escovas de dentes ou lâminas de barbear e depilar, pois são materiais de uso individual, e colocar camisinha nas relações sexuais. 

É preciso ainda certificar-se de que os materiais sejam descartáveis e esterilizados adequadamente ao colocar piercing, realizar tatuagem ou utilizar serviços como manicures, pedicures, barbearias e podólogos. 

Em relação à prevenção das hepatites A e B, a melhor estratégia é a vacina. As doses são disponibilizadas nas salas de vacinação de todo o país. Segundo o Ministério, elas são altamente eficazes e devem ser aplicadas com esquema completo para ter a máxima eficiência. 

A melhoria da rede de saneamento básico e a adoção de hábitos de higiene — como a limpeza de pratos, copos e talheres, e a lavagem regular dos alimentos consumidos crus e das mãos — são formas importantes de prevenir a contaminação pelas hepatites A e E. 

Isso porque esse contágio acontece pela via fecal-oral, ou seja, por meio do contato entre pessoas ou por água e alimentos contaminados. Esses são agravos que costumam se propagar em locais e regiões com condições precárias ou inexistentes de tratamento de água e esgoto.

Já a hepatite D, também conhecida como Delta, é mais comum na região amazônica. Para infectar uma pessoa, o vírus responsável pela transmissão da doença depende da presença do vírus do tipo B. Assim, as características gerais entre as duas hepatites são parecidas. 

Fatores de risco para a hepatite C 

A SAPS afirma que a hepatite C tem maior taxa de detecção em pessoas acima dos 40 anos ou que apresentem fatores de risco. 

São eles: ter sido submetido a procedimento de hemodiálise; ter diabetes ou hipertensão; ter realizado procedimentos invasivos (estéticos ou cirúrgicos) sem os devidos cuidados de biossegurança; compartilhar objetos para o uso de drogas e estar privado de liberdade.