HCor testará nova vacina anticovid da USP; saiba como ser voluntário

Os testes das fases 1 e 2 de uma das candidatas a vacina nacional contra a covid-19 serão coordenados pelo HCor e as pré-inscrições para voluntários foram abertas nesta terça-feira (1). Essas etapas dos estudos com a vacina Versamune MCTI, desenvolvida pela USP Ribeirão Preto e financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), vão contar com a participação de 360 voluntários, mas o início dos testes ainda depende de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com os pesquisadores, ela se mostrou eficaz em testes pré-clínicos.

A meta dos pesquisadores é iniciar o estudo ainda neste mês e encerrar as pesquisas das duas etapas até outubro. A expectativa é que os resultados de fase 3 sejam concluídos no próximo ano.

“Essa vacina já passou pelas fases pré-clínica, validação in vitro e em animais. Os estudos em animais demonstraram que a vacina gera uma resposta imunológica. Será um estudo que terá randomização para definir se o voluntário vai receber vacina ou placebo. A cada três participantes, dois vão receber a vacina e o outro, placebo. Vamos testar doses de 25 e de 75 microgramas com intervalo de 28 dias”, detalha Alexandre Biasi, diretor do Instituto de Pesquisa do HCor.

Os trabalhos com o possível imunizante tiveram início em abril do ano passado, por meio de uma parceria entre a startup de biotecnologia Farmacore, a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e a empresa norte-americana PDS Biotechnology.

“A vacina tem duas partes. Um parte é uma proteína produzida em laboratório, não é um pedaço do vírus, que é muito parecida, quase idêntica à Spike do Sars-CoV-2. Parece uma subunidade. A outra é um carreador, um tipo de esfera de lipídeo, que carrega a proteína dentro da corrente sanguínea. Quando acontece de a pessoa entrar em contato com o vírus, ela faz com que o organismo gere uma resposta imunológica”, explica Biasi. A tecnologia também permite ajustes para que a vacina se adapte às variantes que estão surgindo.

Nos estudos pré-clínicos, segundo Helena Faccioli, CEO da Farmacore Biotecnologia, o imunizante se mostrou seguro e capaz de ativar o sistema imunológico. “A tecnologia ativa especificamente vias imunológicas críticas necessárias para poderosas respostas de células T e anticorpos neutralizantes. Ela tem capacidade de induzir níveis relevantes de células T CD8+, assassinas, específicas da doença. Além de ser uma tecnologia mais segura em relação ao processo de produção, pois não exige níveis elevamos de biossegurança”, completa.

Os dados dos ensaios da Versamune MCTI foram entregues à Anvisa no fim de março e a agência solicitou informações complementares “Atualmente, o processo aguarda a apresentação de dados e documentos para dar continuidade à exigência. O prazo para cumprimento é de até 120 dias. A empresa solicitou uma agenda de reunião, cuja pauta será a discussão para um cronograma de apresentação dos documentos”, informou.

Para ser voluntário, é preciso ter mais de 18 anos, não ter tomado vacina contra a covid-19 nem ter sido infectado pela doença. A pré-inscrições podem ser feitas aqui e os participantes serão acompanhados por um ano. Por causa do avanço da imunização no País, caso chegue a faixa etária da vacinação dos voluntários, os dados serão abertos para que eles não percam a oportunidade de se vacinar com as opções já disponíveis, diz Biasi.

Investimento para imunizante teve veto de R$ 200 milhões de Bolsonaro

Anunciada como vacina “100% brasileira” pelo governo federal em março, a vacina está entre as apostas do MCTI para combate ao novo coronavírus. Embora o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações Marcos Pontes tenha falado positivamente sobre a vacina, inclusive em uma das lives de Jair Bolsonaro, o presidente vetou, em abril, R$ 200 milhões que seriam usados no desenvolvimento do imunizante. A reportagem entrou em contato com o ministério para um posicionamento, mas a pasta não respondeu.

De acordo com a CEO da Farmacore, o investimento inicial do governo federal para as pesquisas não clínicas foi de, aproximadamente, R$ 3,8 milhões. “Para o ensaio clínico de fase 1 e 2, o consórcio está buscando recursos com o governo federal estimados em R$30 milhões, que compreendem tanto o desenvolvimento do lote para o estudo quanto a definição de rendimentos de produção e estabelecimento das condições para produção industrial. Após realização desses estudos e aprovação do relatório da Anvisa, o investimento para a fase 3, em virtude do grande número de voluntários, logística de aplicação, estudos estatísticos, relatórios técnicos diversos e toda a questão logística envolvida no processo, deverá girar em torno dos R$ 300 milhões.”

Segundo Helena, o corte que atingiu o ministério ainda não atingiu o projeto da vacina. “Esse montante citado como corte do orçamento engloba parte do valor necessário para a realização do ensaio de fase 3. Ainda temos que executar os ensaios das fases 1 e 2, para, então, avançar à fase 3. Até lá, esperamos que o ministério consiga recompor essa verba de alguma forma.”

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Quem pode prescrever cannabis medicinal?

O canabidiol (CBD) é um óleo essencial derivado da cannabis que, diferente da THC, que conta com componentes psicoativos, oferece propriedades terapêuticas.Isso acontece graças a substâncias contidas em sua fórmula capazes de modular os sistemas do organismo humano, auxiliando no manejo de sintomas em diferentes doenças.

Contudo, o “como” prescrever canabidiol ainda é uma dúvida bastante frequente na medicina, mesmo após a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de mais de 15 medicamentos no país. Afinal, quem pode prescrever um tratamento com cannabis medicinal?

No Brasil, qualquer médico com inscrição ativa no Conselho Federal de Medicina (CFM) pode receitar produtos de cannabis com fins medicinais para seus pacientes, independente da especialidade, inclusive como primeira via de tratamento. Profissionais de odontologia, como dentistas e cirurgiões dentistas, também estão aptos para indicar o tratamento.

“Ainda vemos muitos pacientes chegarem na cannabis medicinal como última alternativa, já debilitados e sem acreditar no potencial de melhora. Isso acontece, principalmente, porque muitos médicos desconhecem os benefícios do canabidiol e demoram para indicar o tratamento”, aponta Marcelo Velo, COO e cofundador da Anna Medicina Endocannabinoide, startup que promove acolhimento de pacientes, treinamento com médicos e venda de produtos.

A especialista explique que o médico ou dentista pode recomendar um produto de cannabis para compra diretamente em estabelecimentos nacionais (regimentada pela RDC 327/2019) ou através de importação legalizada (regimentada pela RDC 660/2022) via autorização da Anvisa. Para a primeira opção, o profissional de saúde deverá usar os receituários azuis ou amarelos e preencher o nome completo do paciente e a concentração de CBD, já para importação deve-se utilizar um receituário branco comum, contendo nome completo do paciente, identificação do uso, descrição do produto, número de frascos, posologia, carimbo, assinatura e data.

“Após passar por uma consulta com um profissional da saúde em que a prescrição seja autorizada, ele irá avaliar o caso e ponderar se o tratamento com canabidiol é uma alternativa.  Com a receita em mãos, o paciente pode procurar a importadora para os trâmites de envio do produto do exterior para o Brasil, levando alguns dias para a entrega, ou pode optar pelos produtos disponíveis em solo nacional, como no site da Anna Express”, explica Velo.

Especialista fala sobre uso da cannabis medicinal na Odontologia na ABO-PR

A cannabis medicinal vem sendo utilizada no tratamento de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, quadros de epilepsia, autismo, dores crônicas, como a fibromialgia, ansiedade, depressão e TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade). Mas poucos sabem que o produto também pode ser utilizado nos tratamentos odontológicos com excelentes resultados. Será realizado no dia 04 de abril (terça-feira), às 19 horas, no anfiteatro da Associação Brasileira de Odontologia – Seção Paraná (ABO-PR), encontro sobre “Cannabis medicinal na Odontologia”, com a Cirurgiã-Dentista especializada no tema Cynthia De Carlo. 

O programa tratará da desmistificação e das possibilidades de aplicação da cannabis medicinal nas mais variadas patologias da Odontologia. A temática, pertinente na clínica odontológica nos dias atuais, será conduzida por uma profissional que se aprofundou nas pesquisas sobre a substância nos últimos anos. Compostos medicinais da Cannabis podem ser usados para tratar, por exemplo, distúrbios temporomandibulares. Segundo a Cirurgiã-Dentista, a cannabis medicinal é uma alternativa terapêutica em patologias que envolvem dor ou que necessitam de recrutamento das células de defesa para cicatrização. “Além disso, atua em lesões intra-orais e como ansiolítico para pacientes especiais e fóbicos, exercendo propriedade terapêutica também como anti-inflamatório, analgésico e cicatrizante”, destaca ela.

A doutora e palestrante Cynthia De Carlo é graduada pela Unitau (Universidade de Taubaté), pós-graduada em Odontopediatria, Periodontia e Implantologia. Especializada em Cannabis Medicinal pela Unifesp e Cannopy Growth e membro da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis), atuou como profissional do CEC (Centro de Excelência Canabinoide). A odontóloga é ainda coordenadora da área Odontológica da NDMCI (Núcleo de Desenvolvimento de Medicina Cannabinoide e Integrativa). 

Palestra  “Cannabis medicinal na Odontologia”, com a Dra. Cynthia De Carlo

Data: 04 de abril, às 19 horas

Local: anfiteatro da ABO-PR – R. Dias da Rocha Filho, 625 – Alto da XV,

Entrada: gratuita para associados e R$ 50 para não-associados

 Programação:

  • 18h30 Coffee break
  • 19h Palestra

Inscrições: 41 3028-5805

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