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Fórum de Docentes e Discentes do Crea-PR centraliza discussões no futuro das profissões

Mais de 300 pessoas participaram, entre o dia 30 de agosto e 1º de setembro, do 29º Fórum de Docentes e Discentes, organizado pelo Crea-PR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná). O evento foi realizado de forma híbrida no anfiteatro do Centro Universitário FAG, em Cascavel, e transmissão online via Youtube. 
O Fórum, realizado com apoio do Confea, da Mútua-PR e da CredCrea, tem como foco a promoção de discussões relacionadas ao Ensino Superior das Engenharias, Agronomia e Geociências. Nesse sentido, a programação contou com palestras, painéis, oficinas, debates e visita técnica.

No primeiro dia, por exemplo, o presidente do Crea-PR, Engenheiro Civil Ricardo Rocha, abriu as palestras da noite falando sobre as inovações do Sistema Confea/Crea e destacou a importância da realização do evento para o setor. Alguns exemplos citados por ele foram os ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), a economia verde, a economia digital, internet das coisas entre outros.

“Os profissionais do futuro precisam ter conhecimento, mas precisam dominar as técnicas da área, e precisam saber lideranças, resolver conflitos. Eu considero que temos que vencer os novos desafios, e nesse fórum discutimos as novas direções, as graduações, a flexibilidade e isso já falamos e precisamos continuar falando” ressaltou o presidente.

O presidente do Crea-PR, Ricardo Rocha, realizou palestra durante o primeiro dia de evento. Crédito das fotos: Eron Zeni.

A segunda palestra da noite foi realizada pelo Pró-Reitor Acadêmico da FAG, Afonso Cavalheiro Neto, que proporcionou aos profissionais um olhar sobre as experiências de Aprendizagem.

No dia 31, a programação foi bastante prática. O dia começou com um painel sobre residência técnica. Nele, as painelistas Eng.ª Civ. Gabriela Mazureki Campos Bahniuk, da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG, que é coordenadora do Programa de Residência Técnica do Governo do Estado do Paraná em Projetos e Obras Públicas; e a Eng.ª Alim. Ana Claudia Barana, também da UEPG, que é coordenadora do Programa de Residência em Engenharia e Gestão Ambiental, apresentaram aspectos gerais do funcionamento do projeto. Na sequência o conselheiro do Crea-PR, Geógr. Marcos Aurélio Pelegrina, coordenador de Ciência e Tecnologia da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, fez uma mediação de diálogo complementar sobre o tema.

O Programa de Residência Técnica nasceu no Estado do Paraná, inclusive por uma demanda do Sistema Profissional Confea/Crea, e iniciou na área de Engenharia e Obras Públicas há quatro anos. Hoje, ele é copiado por vários outros estados e pelo Distrito Federal.

Depois, estudantes das Engenharias, Agronomia e Geociências participaram de uma dinâmica proposta pelo Crea onde o tema fiscalização e ética trabalhado com os jovens estudantes presentes, por meio de jogos interativos. A ação foi um desdobramento do Ideathon, evento realizado pelo Crea-PR e AproGEO, que buscou ideias para aprimorar o ensino da fiscalização.

Segundo a estudante de Engenharia Química da UTFPR – Campo Mourão, e campeã da dinâmica, Emili Fernanda de Oliveira, a forma encontrada pelo Conselho de apresentar temas tão densos foi muito interessante.

“Adorei todos os jogos. A dinâmica foi muito leve e divertida, com certeza uma forma bem atrativa de trazer conhecimento para o pessoal. São informações bem difíceis de pegar, ler e interpretar, então, com os jogos, isso ficou mais fácil”, disse a estudante.

Na sequência, foi a vez da Mesa Redonda “Estágio e Oportunidades de Carreira”, conduzida pela Professora Eng.ª Agríc. Monica Sarolli Silva de Mendonça Costa, que ministra a disciplina de Estágio Supervisionado desde 2015 na Unioeste.

“Façam estágio não obrigatório, desde o início, assim que puderem. É uma vantagem para quando forem fazer o obrigatório, além de já terem mais vivência no mundo do trabalho, experiência e conhecimento”, indica a professora.

A administradora Isabela Tori, tech recruter em uma multinacional nos Estados Unidos e no Brasil (recrutadora na área tecnológica), falou sobre a importância e as informações do Curriculum Vitae (CV) e Curriculum Lattes, uma plataforma virtual organizada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), utilizado predominantemente pelo meio acadêmico, que pode ser pré-requisito para entrar em um mestrado ou doutorado e, também, utilizado por estudantes para participar de projetos de pesquisa.

No período da tarde, os docentes assistiram o painel Qualidade de Ensino pós-pandemia, ministrado pelo Eng. Civ. professor Marcos Tozzi. Ele afirma que o número de cursos de Engenharia Civil está aumentando e que metade dos alunos está migrando para as aulas na modalidade educação a distância. Tozzi mostrou os resultados do Enade 2019, realizado pouco antes da pandemia, e explicou que os dados dos anos seguintes só estarão disponíveis no próximo Enade, e “então será possível avaliar com dados mais precisos quais foram as consequências da pandemia”.

O segundo painel foi apresentado pelo Eng. Mec. Jean-Marc Stephane Lafay, que abordou a rediscussão e ressignificação do ensino presencial para os professores e para os estudantes. Citando frases de pensadores como Sócrates e Hesíodo, que relataram sentimentos parecidos com os atuais, ressaltou que os problemas não vieram com a pandemia somente foram ampliados.

O último tema do dia para os discentes foi Empresas Juniores, o que são, a importância de registro no Crea-PR, legislação, atuação e cases. As facilitadoras do Crea-PR Viviani Hannebauer e Cláudia Regina Onishi Beraldo explicaram sobre como funciona o registro e a fiscalização das empresas juniores pelo Conselho.

Já para os docentes, a última oficina técnica do dia para docentes teve como tema as ‘Concessões de Atribuições Profissionais pelo Sistema Confea/ Creas’. O Eng. Agr. Almir Gnoatto, coordenador da Comissão de Educação e Atribuição Profissional do Crea-PR, falou sobre a atuação da Comissão.

O Crea-PR tem atualmente 120 Instituições de Ensino cadastradas, sendo 617 cursos registrados e outros 96 em processo de cadastramento. Esses cursos são divididos como graduação plena, tecnólogos, pós-graduação e técnicos. De acordo com Gnoatto “a falta de cadastro prévio da Instituição e do curso atrasa o registro dos egressos no Conselho, pois deve ocorrer todo o processo desde o início”.

O segundo painel foi apresentado pelo professor Eng. Agr. Luiz Antônio Correa Lucchesi, Superintendente do Ibama no Paraná e coordenador da Comissão de Educação e Atribuição Profissional do Confea. Ele explicou sobre as atribuições da Comissão de Educação e do Sistema.

Crédito das fotos: Eron Zeni.

Lançamento do Manual de Procedimentos da CEAP do Crea-PR

Ainda durante a terça-feira (31), ocorreu, durante o fórum, o lançamento do manual de procedimentos da CEAP do Crea-PR. O material foi elaborado para reunir as informações relativas aos processos de cadastramento de Instituições de Ensino, cursos e outros processos afetos à CEAP. Ele tem como base o Manual de Procedimentos elaborado pela CEAP do Confea, encaminhado aos Creas no final de 2021, mas observa as particularidades vigentes no Crea-PR conforme deliberações da CEAP, decisões do Plenário e das Câmaras Especializadas.

O objetivo do Manual é servir de guia aos atores envolvidos na instrução, análise e relato dos processos que passam pela CEAP, Câmaras Especializadas e Plenário: conselheiros e funcionários do CREA-PR. Também serve de referência aos coordenadores de cursos para a compreensão da legislação e entendimento dos processos relativos às Instituições de Ensino.

Último dia

No encerramento do Fórum, a programação foi voltada às funcionalidades do Sistema Confea/Crea e, também, das perspectivas para o futuro das profissões correlatas à autarquia.

O painel Assistência e benefícios da Mútua foi apresentado pelo diretor geral da Mútua-PR, Eng. Civ. Julio Cesar Vercesi Russi. Ele apresentou o que é a Mútua, Caixa de Assistência dos Profissionais do Sistema Confea/Crea, e os principais produtos e benefícios disponíveis. Hoje, de acordo com dados repassados por eles, são mais de 7,3 mil profissionais inscritos, sendo que houve um crescimento de 420% do número de associados entre 2021 e 2022.

O painel “Os benefícios do Cooperativismo de Crédito no Sistema” foi apresentado pelo Eng. Civ. Gelásio Gomes, diretor-presidente da Cooperativa CredCrea, que mostrou a história da criação da Cooperativa e alguns dos principais produtos oferecidos, além de um panorama geral do cooperativismo.

“Nossa resposta às demandas dos profissionais é rápida e, às vezes, mais ágil que de bancos tradicionais. Para isso, basta que os profissionais nos apresentem as demandas, que nós iremos reunir o Conselho, votar e já viabilizar o projeto. Com a energia fotovoltaica, por exemplo, podemos financiar projetos de até R$7 milhões”, observou Gelásio.

O painel Sistema Confea/ Crea-PR e sua atuação em prol dos profissionais foi apresentado pelo Eng. Civ. Ricardo Rocha de Oliveira, presidente do Crea-PR.

“O Sistema Profissional surgiu para a regulamentação das profissões e para atuar em defesa da sociedade, diz. E complementa, “essas discussões são importantes porque, muitas vezes, os profissionais e a sociedade não entendem totalmente a função do Sistema. Nossas profissões são fundamentais para proteger a sociedade e o Sistema existe para essa mesma finalidade: proteger e trabalhar em prol das pessoas”, enfatizou o presidente do Crea-PR.

Profissionais do futuro

Outro ponto alto da manhã desta quinta-feira (01), foi a mesa redonda “O profissional do futuro”, composta por dois painéis e um debate. Inicialmente, a discussão foi conduzida pela gestora da informação da FIEP, Isabela Drago. A especialista começou destacando que para se preparar para o futuro, é preciso compreender qual será a formação dele.

“Temos um envelhecimento da população, que impacta diretamente no perfil etário e no perfil dos profissionais que estarão disponíveis no futuro. Para 2040, teremos pelo menos 52% da população acima dos 40 anos e em 2060, projeta-se uma queda de 45% da população infantil. São números que reforçam a necessidade de nos prepararmos para essa realidade”, indicou.

Nesse sentido, Isabela enumerou alguns dos pilares tecnológicos que merecem a atenção dos profissionais, sendo eles: Big Data e Analytics; cibersegurança; computação na nuvem; integração de sistemas; internet das coisas; manufatora aditiva; realidade aumentada; simulação e sistemas autônomos. Todos eles, no entanto, dependem de um fator comum: soft skills.

Complementando esse pensamento, a gerente de gestão da Unicampo, cooperativa formada por profissionais de ciências agrárias em nível superior, Renata Mantovani, apresentou o trabalho realizado, enfatizando que ali, o foco é no estudo do futuro hoje.

“Não conseguimos mais prever o que vai acontecer daqui a dez ou quinze anos, então precisamos pensar no que é necessário hoje, pois o futuro é hoje”, indicou. Nesse sentido, segundo ela, quem sai na frente são profissionais que tem autoconsciência, inteligência emocional e relacionam a pratica com a teoria, sempre balizando as soft skills.

“Como não sabemos quais desafios teremos no futuro, precisamos desenvolver a capacidade de adaptação. Para isso, nossos cooperados trabalham na prática, entendendo o que precisa ser feito e o que pode ser melhorado”, comentou.

Depois dos painéis, ocorreu um debate com as duas profissionais, mediado pelo Eng. Agr. e professor universitário José Abramo Marchese, que enfatizou a relevância da discussão e dos aprendizados compartilhados pelos profissionais.

Para encerrar a programação, após o almoço, os participantes do Congresso puderam fazer uma visita técnica na Fazenda Escola do Centro Universitário FAG, que é referência na região.

A programação, além de ter sido realizada no Centro Universitário FAG, em Cascavel, também foi 100% transmitida via YouTube. A próxima edição já está marcada para os dias 22, 23 e 24 de agosto de 2023, em Curitiba, no Campi da PUC-PR (escolhida por meio de votação dos presentes no Fórum).