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Economia de água é uma das chaves para a sustentabilidade ambiental

O Brasil desperdiça 40,1% de toda a água potável produzida, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Trata Brasil em 2022. Como essa perda é um dos principais problemas relacionados à disponibilidade e à utilização dos recursos hídricos, seu uso consciente é primordial. 

Para evitar o desperdício de água, é preciso estar atento a questões que vão desde detalhes no consumo residencial, como a escolha do purificador de água, até a fiscalização de equipamentos públicos e atividades econômicas.

A estimativa da pesquisa é de que a cada 100 litros de água potável produzidos, cerca de 40 litros se percam nos sistemas de distribuição antes mesmo de chegarem ao seu destino. As causas para o prejuízo incluem perdas por vazamentos nas tubulações, erros de medição e fraudes no abastecimento ou ligações clandestinas. 

A quantidade de água tratada perdida nos sistemas de distribuição equivale a quase 8 mil piscinas olímpicas desperdiçadas diariamente. É como se o país tivesse perdido mais de sete vezes o volume do sistema Cantareira, o principal responsável pela distribuição de água na Grande São Paulo. Com esse volume, seria possível abastecer 66 milhões de brasileiros. Portanto, o déficit de 35 milhões de pessoas sem acesso ao recurso não existiria mais. 

O desperdício de água tem um impacto ambiental significativo. O volume perdido, que poderia ser economizado da natureza, ajudaria a manter os rios mais cheios e diminuiria a degradação do meio ambiente, evidenciando a importância de economizar recursos hídricos para a sustentabilidade ambiental. 

Desperdício de água por região

Entre os 10 países latino-americanos analisados no estudo do Instituto Tratar, o Brasil ficou em quinto lugar entre os que mais desperdiçam água, ficando atrás apenas do Uruguai, Costa Rica, Colômbia e Equador. 

A região Norte tem o pior índice e perde mais da metade da água potável produzida (51,22%). No Nordeste, o desperdício é de 46,28%. O cenário menos pessimista é encontrado no Centro-Oeste, onde a perda é de 34,16% do volume.

Em entrevista à imprensa, a presidente executiva do Instituto Trata Brasil Luana Siewert Pretto diz que ocorrer vazamentos é algo natural. No entanto, o nível registrado no Brasil mostra um descaso das distribuidoras em relação à manutenção do serviço. 

Para uma gestão considerada adequada, seriam aceitáveis níveis de perda entre 18% e 20%. Há cidades, contudo, com mais de 80% da água sendo gasta desnecessariamente. A quantidade desperdiçada por dia poderia abastecer aproximadamente 13 milhões de cidadãos que vivem em favelas por todo o país durante três anos. 

Com esses problemas no processo de distribuição, o Brasil está cada vez mais longe de atingir a meta do Novo Marco Legal do Saneamento. Sancionado em 2020, o projeto tinha como um dos principais objetivos alcançar o índice de 25% de perda do volume de água até a sua chegada nas residências. Atualmente, todas as regiões brasileiras estão acima do valor estipulado. 

Medidas econômicas para o uso do recurso hídrico

As maneiras mais comuns e citadas de desperdício de água são relacionadas ao consumo residencial, como mangueira ligada sem uso, torneiras mal fechadas, lavagem de calçadas, excesso de limpeza dos carros e banhos demorados. Mas o consumo do cidadão não é a única razão para o problema. 

Além do considerável desperdício no transporte da água até o consumidor — resultado de tubulações públicas velhas ou danificadas, obras mal realizadas, “gatos” e redirecionamento de água clandestino —, atividades como a agricultura e o funcionamento das indústrias contribuem para a escassez do recurso. 

A agricultura é o setor que mais leva à perda de água. O desperdício nas áreas irrigadas chega a 50% do volume utilizado. Vazamentos, emprego de técnicas que usam mais recursos hídricos do que o necessário e perda por evaporação são as principais causas. Uma forma de reduzir o consumo sem afetar a produção de alimentos e de produtos primários em geral seria a mudança nas práticas agrícolas e a adequação nos métodos de irrigação.

Em relação aos hábitos de consumo dentro de casa, a Superintendência de Água e Esgoto (SAE), em campanha de 2022 para alertar sobre o uso consciente da água, enfatiza alguns cuidados simples que podem ser adotados. Fechar a torneira ao escovar os dentes e ensaboar a louça são medidas que podem economizar, cada uma, 13,5 litros de água em dois minutos; já fechar o chuveiro ao se ensaboar economiza 30 mil litros de água por ano.

Piscinas descobertas podem perder até 90% de sua água em um mês, portanto a orientação é mantê-las cobertas. Além disso, recomenda-se regar o jardim antes das 10h ou depois das 19h para uma economia de 96 litros de água por dia. Para limpar a calçada, o ideal é usar a vassoura e o pano, pois a mangueira ligada por 15 minutos gasta 280 litros de água. Pequenos vazamentos em canos residenciais, como um rompimento de 2 mm, desperdiça 3,2 mil litros de água por dia, segundo a SAE.