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Consultório na Rua de Curitiba completa 10 anos com 500 atendimentos por mês


Largo da Ordem, ponto histórico central da capital paranaense. Local de grande fluxo de pessoas e um dos pontos de atendimento do Consultório na Rua (CnR), projeto da Prefeitura de Curitiba que percorre os bairros da cidade levando atendimento de saúde a quem vive em situação de rua. Em dez anos de atividade, foram realizados mais de 36,5 mil atendimentos e milhares de ações de acolhimento a pessoas que vivem nas ruas da capital.

“O Consultório na Rua é uma estratégia a mais da Prefeitura de Curitiba para levar atendimento de saúde mais próximo dessa população”, diz a secretária municipal da Saúde, Beatriz Battistella. Ela explica que o serviço é dirigido especificamente às pessoas em situação de rua numa abordagem proativa dos profissionais de saúde, mas essa população também é atendida em toda a rede municipal.

Por mês, são cerca de 500 atendimentos feitos pela equipes do CnR da Secretaria Municipal da Saúde. São quatro equipes do projeto, com uma composição multidisciplinar que pode variar de acordo com a complexidade do trabalho a ser desenvolvido. As equipes são compostas por enfermeira, auxiliar de enfermagem, dentista, auxiliar de saúde bucal, médico, psicólogo ou terapeuta ocupacional e assistente social.

Programa

O programa é uma diretriz do Ministério da Saúde e foi implantado em Curitiba primeiro como uma equipe especializada e focada na promoção da saúde mental, que depois ampliou o trabalho para a atenção integral à saúde da população em situação de rua.

São oferecidas consultas médicas ou de enfermagem, atendimento odontológico, vacinas, atendimento de saúde mental, orientações de métodos contraceptivos, entre outras ações da equipe multidisciplinar.

“Temos equipes em pontos fixos, como a Praça Osório e o Largo da Ordem, por exemplo, mas também percorremos os bairros de Curitiba em busca daqueles que precisam de atendimento”, explica a coordenadora do projeto, Letícia Reis.

Perfil

A população em situação de rua é definida como um grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza absoluta, vínculos interrompidos ou fragilizados e falta de habitação convencional regular, sendo compelidas a utilizar a rua como espaço de moradia e sustento, por caráter temporário ou de forma permanente.

Geralmente, três grandes fatores levam as pessoas para a vida nas ruas: rompimento de vínculos familiares e comunitários, transtorno mental, dependência química e desemprego.

Segundo dados do Cadastro Único do Governo Federal dos últimos 12 meses, Curitiba tem 1,8 mil pessoas vivendo em situação de rua, sendo que, destas, cerca de 15% são mulheres. Estão mais concentradas no centro da cidade, porém há também aquelas que preferem permanecer dispersos nos bairros.

Entre as ações desenvolvidas junto às mulheres está a oferta de métodos contraceptivos, como o implante sudérmico que tem duração de três anos. As mulheres que aceitam utilizar esse método anticoncepcional permanecem sendo acompanhadas pelas equipes das unidades de saúde ou do próprio Consultório na Rua.

“Não há no país um censo atualizado da população em situação de rua, o que levou a Prefeitura de Curitiba a adotar algumas referências para direcionamento das ações com a base de dados do e-saúde e a do Cadastro Único para programas sociais, do governo federal, gerenciado pela Fundação de Ação Social (FAS)”, detalha a coordenadora do Consultório na Rua.

Segundo Letícia Reis, trata-se de um grupo populacional com características peculiares, de vulnerabilidade extrema e em que a permanência na rua afeta diretamente a saúde. “É um grupo marginalizado, excluído e sem acessos. E é neste contexto que se insere o programa Consultório na Rua, para atuar na vinculação destes usuários à rede de saúde do município, a fim de que tenham garantido o acesso ao cuidado necessário”, explica.

Parceria

Letícia conta que são desenvolvidas muitas ações em parceria com a FAS, como mutirões de testagens rápidas nos abrigos, com início imediato do tratamento quando necessário.

Na Operação Inverno, quando a previsão da temperatura é igual ou menor que 8 graus, o Consultório na Rua atua intensificando a abordagem realizada pela FAS, à noite, sensibilizando as pessoas a irem para os abrigos.

Em conjunto com as equipes das Unidades de Saúde, são elaborados planos de tratamento e acompanhamento dos pacientes com tuberculose e HIV, por exemplo. Há busca ativa de gestantes para que seja realizado o pré-natal com acompanhamento adequado das equipes de saúde, além de condução de pacientes com necessidade de tratamento constante, como diabetes, hipertensão e oncologia.

“O acolhimento dessas pessoas é o grande diferencial. As equipes não obrigam ninguém a aceitar testes ou tratamentos, mas estão disponíveis para ouvir, acolher e entender as necessidades e limitações dessas pessoas, respeitando o tempo de cada uma delas”, destaca a coordenadora.

Segundo ela, quando possível, em parceria com outros órgãos da Prefeitura de Curitiba, as pessoas em situação de rua são encaminhadas para reinserção social, com capacitação profissional, reaproximação da família e trabalho.



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