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Conhece rap em guarani? Curitiba celebra Dia dos Povos Indígenas com lançamento de livro e show


No Dia Internacional dos Povos Indígenas, na próxima quarta-feira (9/8), a Fundação Cultural de Curitiba promove uma programação especial com o escritor Olivio Jekupé e o seu filho, o famoso cantor e rapper indígena Owerá. Olivio fará uma palestra e o lançamento do livro O Choro da Mãe Terra, enquanto Owerá, que já gravou com Criolo e e com DJ Alok, do qual é parceiro musical, fará show ao lado de Pará Retê e Jekupé Mirim. O encontro será no Memorial de Curitiba, a partir das 11h, com entrada gratuita.

Pertencentes à etnia guarani mbya, Olivio é paranaense e os filhos paulistas, nascidos na aldeia Krukutu, na região Sul da cidade de São Paulo. Eles são vozes nacionais na luta pelo fortalecimento dos povos indígenas. Olivio vive atualmente na aldeia urbana Kakané Porã, na região sul de Curitiba, onde se dedica à sua atividade de escritor infantojuvenil, contista e poeta. Tem 26 livros publicados e é reconhecido como um dos escritores indígenas de maior relevância no país.

Patrocinado pelo Instituto Alok, o livro O Choro da Mãe Terra reúne ensaios, prosas e poemas que enfatizam o ativismo do autor. Olivio Jekupé expõe a origem e as marcas de muitos preconceitos, discursos e atos violentos construídos e legitimados pela opressão daqueles que não reconhecem os direitos dos povos originários. Ele alerta que essa narrativa está presente nos livros que circulam nas escolas, ainda que de forma sutil.

O livro tem prefácio do DJ e produtor musical Alok, que considera a obra uma importante colaboração para a descolonização de nossas percepções sobre a presença e a força cultural dos povos originários na sociedade. “Sobretudo para professores e professoras, esta obra de Olivio vem suprir uma carência material que auxilie a criar reflexões e dinâmicas com o objetivo de re-pensar com seus alunos a história do Brasil, desde antes de sermos Brasil”, descreve o músico Alok.

Olivio estudou Filosofia na Universidade Católica do Paraná e depois na USP, no período em que viveu na aldeia Krukutu. Ele não chegou a concluir o curso, mas essa vivência o incentivou a escrever e realizar palestras sobre a causa indígena no Brasil e no exterior.

De volta a Curitiba, o escritor fundou a editora Jekupe. Com apoio da Editora Versum, ele  publica não apenas suas próprias obras, como também de autores nativos ou escritores sensíveis às causas indígenas. Três de seus livros – Ajuda do Saci, A mulher que virou Urutau e O presente de Jaxy Jatere – foram publicados em edições bilíngues, com texto em português e guarani.

Rap guarani

Olivio tem cinco filhos, entre eles Jequaka Mirim da Silva, que aos 22 anos já é um dos artistas indígenas de maior destaque no cenário da música e do rap. Conhecido pelo nome artístico de Owerá, ele é uma estrela da nova geração que faz do canto um protesto em defesa de terras indígenas, da biodiversidade e do meio ambiente.

Owerá é famoso desde a infância. Em 2014 ele foi a criança que estendeu a faixa com os dizeres “Demarcação Já” na abertura da Copa do Mundo do Brasil, antes da partida de Brasil e Croácia. O jovem rapper já dividiu a cena com grandes nomes da música brasileira, como Criolo, o DJ Alok e o cantor Caetano Veloso. Com Alok, participou da abertura do festival global Citizen 2021, na Amazônia, e na gravação de um álbum. Com Criolo, participou do documentário My Blood is Red (Meu Sangue é Vermelho).

No show, no Memorial de Curitiba, Owerá cantará ao lado de Pará Retê, que é sua companheira e parceira musical, e de Jekupé Mirim, seu irmão, acompanhados de violino e violão. Nas composições tradicionais, ele canta em guarani. Numa segunda parte do show, ele apresenta o rap, misturando composições em guarani e português.

 

Serviço

Dia Internacional dos Povos Indígenas
Lançamento do livro O Choro da Mãe Terra, de Olivio Jekupé, e show do rapper Owerá, com Pará Retê e Jekupé Mirim.
Local: Teatro do Memorial de Curitiba – R. Claudino dos Santos, 79 – Setor Histórico
Data e horário: 9 de agosto, às 11h
Gratuito



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