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Câmara de Curitiba aprova moção de apoio a Frei Gilson em meio a polêmica nas redes sociais

A Câmara Municipal de Curitiba aprovou, nesta quarta-feira (12), uma moção de apoio ao Frei Gilson. A iniciativa, apresentada pelo vereador Bruno Secco (PMB), destaca o trabalho do sacerdote na propagação da fé, especialmente por meio das redes sociais. O texto menciona que o religioso tem sido alvo de “discursos de ódio” por parte de militantes de esquerda, que supostamente tentam associá-lo ao bolsonarismo.

A votação foi simbólica e ocorreu sem debates no plenário. O apoio ao frei acontece em um momento de grande repercussão do seu trabalho nas redes sociais. Com mais de 7 milhões de seguidores no Instagram e mais de 6 milhões no YouTube, Frei Gilson lidera a oração do Rosário da Madrugada diariamente durante a quaresma, às 4h. No dia 6 de março, ele atingiu um recorde ao reunir mais de 1,1 milhão de espectadores simultâneos em uma transmissão ao vivo, tornando-se um fenômeno entre fiéis católicos.

Entretanto, a visibilidade também trouxe polêmicas. Vídeos antigos do sacerdote começaram a circular novamente, com críticas a algumas de suas falas. Em um dos trechos, ele afirma que “essa é uma fraqueza da mulher, ela sempre quer ter mais […] Ela nasceu para auxiliar o homem”, o que gerou protestos de internautas. Além disso, um vídeo de 2021, no qual Frei Gilson pede que o Brasil seja “livrado do comunismo”, também foi resgatado, reforçando as críticas de que ele teria inclinações políticas.

Direita sai em defesa de Frei Gilson

Diante das críticas, diversas figuras políticas da direita se manifestaram em defesa do frei. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que Frei Gilson é atacado por ser um “fenômeno em oração”. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também se solidarizou com o sacerdote, escrevendo em suas redes sociais: “Que Deus te proteja e o livre do homem mau.”

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) acusou setores da esquerda de perseguição religiosa. “Obviamente, sem nenhuma surpresa, começaram diversos ataques. Para quem é cristão, não foi nada mais natural você ser atacado por servir a Cristo”, declarou.

Contexto político e disputa pelo eleitorado católico

Analistas apontam que o movimento de apoio a Frei Gilson faz parte de uma estratégia da direita para fortalecer sua base entre os católicos, um segmento do eleitorado que tem mostrado sinais de distanciamento do governo Lula. Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, a aprovação do presidente caiu entre os católicos, de 42% para 28%.

O episódio reflete a crescente disputa política em torno da fé no Brasil, com líderes religiosos se tornando peças-chave na formação da opinião pública e no embate ideológico. Enquanto setores progressistas criticam o uso da religião como ferramenta política, a direita vê nos ataques a Frei Gilson um exemplo daquilo que considera perseguição à fé cristã.

A moção aprovada pela Câmara de Curitiba segue essa linha e reforça o alinhamento de parte dos vereadores da cidade com a pauta conservadora, destacando a influência que a religião continua exercendo no cenário político nacional.