Arquivos

“Uma Juventude Fascinante”, novo espetáculo do diretor Diego Fortes, estreia dia 5 de dezembro com temporada gratuita no Mini Guaíra

Foto: Eika Yabusame

No palco, Leandro Daniel, recentemente em cena na novela “No Rancho Fundo” da Rede Globo, divide cena com Gabriela Freire, premiada atriz do filme paranaense “Entrelinhas”. Com humor ácido e reflexivo, a trama escrita pelo chileno Guillermo Calderón apresenta um professor desiludido e uma aluna, a única presente naquele dia, que traz os ensinamentos de Buda como contraponto às frustrações do professor

“Uma Juventude Fascinante” estará em cartaz de 5 a 22 de dezembro, com sessões de quinta a domingo no Auditório Glauco Flores de Sá Brito (Miniauditório do Teatro Guaíra), em Curitiba. Com apresentações às 19h30 às quintas, sextas e domingos, e sessões duplas aos sábados, às 17h e 19h30, a entrada é franca e os ingressos são distribuídos uma hora antes de cada sessão no próprio teatro. As apresentações dos dias 07 e 14, às 19h30, contam com interpretação simultânea em Libras para garantir a acessibilidade e inclusão do público surdo.

Originalmente intitulada Clase em espanhol, a peça estreou no Chile em 2008 e é o segundo texto do aclamado dramaturgo chileno Guillermo Calderón que Diego Fortes traduz e dirige no Brasil. A primeira incursão de Fortes na obra de Calderón foi em Dezembro, montagem que estreou na Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba em 2019.

A peça se passa em uma sala de aula em Santiago, onde uma única aluna (Gabriela Freire) comparece à aula, enquanto seus colegas participam de uma manifestação estudantil. Pronta para apresentar sua dissertação sobre Buda, ela se depara com um professor deprimido e implacável (Leandro Daniel), resultando em um confronto de ideias sobre vida, futuro e mudanças. Com humor ácido e uma trama envolvente, a peça explora o choque geracional e oferece uma visão crítica da sociedade chilena, trazendo paralelos com o Brasil e outros países da América do Sul, abordando temas como educação e relações de poder.

“Este espetáculo desperta uma série de provocações em diversas esferas — emocional, social e política. A escrita de Calderón é um verdadeiro fenômeno, equilibrando de forma magistral a reflexão e a emoção. Trata-se de um texto que exige atores experientes e sensíveis e que, sem dúvida, suscitará muitas conversas entre o público após a apresentação”, afirma Diego Fortes sobre a montagem.

O ator Leandro Daniel conta que o convite para atuar na peça veio em 2013. “Na época, não conhecia a dramaturgia do Calderón, mas o texto atendeu completamente às minhas expectativas artísticas, com uma narrativa ágil e uma visão crítica sobre as transformações sociais da América Latina”, comenta.

Segundo ele, a conexão com a peça foi se aprofundando ao longo dos anos. “Li e reli o texto diversas vezes, percebendo novas camadas a cada leitura. Hoje, aos 49 anos, sinto que estou no momento ideal para interpretar a personagem”, completa.

Para Gabriela, que já contracenou com Leandro Daniel no premiado filme Entrelinhas, o convite para este novo projeto foi uma grata surpresa. “Foi um privilégio contracenar com o Leandro e voltar ao teatro com um texto tão bonito, que nos oferece um espaço seguro e honesto para refletir sobre nossas dores e sombras, tem sido maravilhoso. Cada ensaio e cada troca trazem aprendizados, não só sobre a cena, mas também sobre mim mesma”, revela.

Além das apresentações abertas ao público, o projeto conta com sessões fechadas com a participação de alunos e professores da rede pública de ensino, seguidas de bate-papos com a equipe, visando estimular a reflexão e diálogo sobre os temas abordados na peça. Ainda, será oferecida uma oficina de dramaturgia, intitulada “Ferramentas Criativas para Dramaturgia”, ministrada por Diego Fortes, com inscrições gratuitas.

Sobre o diretor Diego Fortes

É diretor, dramaturgo e ator. Fundador d`Armadilha cia de Teatro em Curitiba, pela qual realizou as peças Café AndaluzOs Leões, Bolacha MariaO Fantástico Coração SubterrâneoPoses para DormirDezembro, entre outras. Escreveu e dirigiu O Grande Sucesso, texto pelo qual recebeu o Prêmio Shell de Melhor Autor em 2017 e em 2018, a convite de Renato Borghi, encenou Molière, de Sabina Berman, que contou com Matheus Nachtergaele no papel-título. Foi artista docente convidado da Escola SP de Teatro em 2020, e desde 2021, divide sua carreira entre Curitiba, São Paulo e Berlim, onde pesquisa dramaturgia, teatro contemporâneo, e Inteligência Artificial aplicada à dramaturgia.

Sobre o dramaturgo Guillermo Calderón

Nascido em Santiago do Chile, Guillermo Calderón é um renomado diretor, dramaturgo e roteirista, conhecido por explorar temas sociais e políticos com profundidade e originalidade. Entre suas principais peças estão DezembroNevaMatelunaVilla + Discurso e Kiss, que já foram apresentadas em importantes festivais na América do Sul, Europa e América do Norte. No cinema, colaborou nos roteiros dos filmes Julieta se fue a los cielosO ClubeNeruda e El Conde — este último venceu o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza de 2023 e está em cartaz na Netflix. Os filmes O Clube e Neruda foram indicados ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.