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Idosos aprendem como combater o cibercrime e navegar com segurança na internet – De olho nos deputados


Uma turma animada, atenta e muito curiosa participou, na manhã desta sexta-feira (28), da nova edição do “Workshop Uso Seguro e Consciente da Internet – curso gratuito para pessoas idosas”, realizado na Assembleia Legislativa do Paraná. A sensação de anonimato – aliada a falta de cuidados dos usuários – tem permitido o roubo de senhas bancárias, invasão de computadores, disseminação de vírus, levando centenas de criminosos a publicarem conteúdos ofensivos de todo tipo contra milhares de pessoas, famosas ou não. Os idosos são as vítimas preferidas dos golpistas.

Preocupações semelhantes as demonstradas por idosos, que realizaram o curso na última quinta-feira (27), foram reveladas pelos participantes do dia de hoje. “Esses esclarecimentos são muito importantes”, declarou a aposentada Elizabeth Ell, que reside em Matinhos, no Litoral do estado, e veio até Curitiba para aprender mais sobre navegação segura na internet. “Não tenho maldade, acredito nas pessoas, tenho boa-fé, e já acabei sofrendo tentativas de golpes. Por isso, estou sempre buscando informações para me proteger”, contou. Quem também não deixa mais de se atualizar, especialmente na área de informática, é a aposentada Emídia Santos Ferreira, de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Ela contou que além de mensagens oferecendo empréstimos, e outras vantagens duvidosas, que chegam todo tempo no celular, foi abordada na rua por um casal “com muita conversa e insistência”. Eles tentaram convencê-la a passar dados pessoais e apresentaram o “famoso bilhete premiado”. “É muito bom aprender. Assim, sabemos nos defender dessas pessoas”, reforçou Emídia. Já o aposentado Almir Vicente Neves veio até a Assembleia por indicação do filho: “Ele, como bom filho, percebe as dificuldades que tenho com esse mundo virtual, e me encaminhou as informações sobre o curso”. “Hoje até para estacionar um carro em Curitiba o aposentado depende de um aplicativo. Caso contrário é multado. Não podemos mais ficar fora dessa era digital”, relatou. Aliás, essa é a grande reclamação de Neves. “Tudo está virando ‘aplicativo’. Isso traz muita dificuldade para os idosos”, reclamou em tom bem-humorado. 

Proteja as informações pessoais

O workshop, que não tem nenhuma taxa, é uma iniciativa da Assembleia Legislativa, através do Conselho de Ações Solidárias e Voluntariado, em parceria com a Celepar e o Governo do Estado. Com linguagem didática e muitos exemplos, os técnicos Sérgio Luís dos Santos Oliveira e Ataíde Prestes de Oliveira Júnior, da Celepar, falaram para essa turma sobre as práticas de golpes e apresentaram dicas fáceis, que aumentam a segurança. Ambos reforçaram ser fundamental saber proteger informações pessoais. Isso inclui evitar compartilhar dados sensíveis, como números de documentos, senhas ou informações financeiras, em sites não seguros ou suspeitos. Utilizar senhas fortes e atualizá-las regularmente também é uma medida básica de segurança. Os técnicos fizeram uma explanação didática de diversos casos já registrados na imprensa, reiterando que o uso seguro da internet envolve a adoção de medidas proativas para proteção dos nossos dados. Demonstraram que para praticar os golpes, os criminosos coletam o que cada um expõe na internet, desde fatos sobre a família até imagens de viagens.

O delegado-chefe Emmanoel David, da Delegacia de Estelionatos da Polícia Civil do Paraná (PCPR), especialista na área, que fez nova palestra no dia de hoje, insistiu que “a prevenção é o melhor remédio para evitar ser mais uma vítima dos criminosos da internet”. Ele mostrou dados que apontam que, em 2022, foram registrados quase 2 milhões de golpes de estelionato, apresentou casos verídicos de golpes e detalhou procedimentos que contribuem para a proteção dos dados. Por diversas vezes, reforçou a necessidade de que as pessoas entendam mais sobre os cibercrimes, buscando meios para evitá-los e combatê-los. O delegado explicou que nos golpes eletrônicos, as ações criminosas envolvem, principalmente, as redes sociais, como por exemplo, o cibercrime conhecido como phishing. Esse golpe consiste em tentativas de fraude para obter ilegalmente informações como número da identidade, senhas bancárias, número de cartão de crédito, entre outras, por meio de e-mail com conteúdo duvidoso. Relatou como, geralmente, se dá o golpe dos nudes (ou das novinhas). Nesta ação, o criminoso, que muitas vezes finge ser uma jovem mulher, entra em contato com a vítima (geralmente homens) e após troca de mensagens envia fotos íntimas. Em seguida, um suposto parente (que se diz pai) ou falsa autoridade policial entra em contato dizendo que a jovem era, na verdade, menor de idade. Os golpistas passam a encaminhar mensagens cobrando valores para que as vítimas não sejam expostas ou acusadas de terem cometido o suposto crime. A vítima perde dinheiro e fica com vergonha de denunciar. “Um empresário de Curitiba chegou a perder R$ 2 milhões num golpe da novinha”, contou. O especialista explicou ainda como é aplicado o golpe da troca de foto do WhatsApp, o do falso empréstimo, do amor, do falso emprego, do leilão do automóvel, do bilhete premiado, do falso PIX e falou sobre o uso de links falsos na internet. “Vocês precisam tomar cuidado”, frisou.

Novas edições de cursos de informática voltados para o público idoso serão realizadas, informou a advogada Rose Traiano, presidente do Conselho de Ações Solidárias e Voluntariado da Assembleia, hoje no encerramento das atividades. Segundo ela, diante da grande procura de interessados no tema, e solicitações recebidas, já está sendo analisado pelo Conselho em conjunto com a Celepar uma proposta visando a promoção de workshops com conteúdos estruturados em vários níveis – inicial, intermediário e avançado. “Nosso objetivo é contribuir com a inclusão social e digital, garantindo segurança para os idosos, que não podem ficar fora da internet”, declarou. “Há muitas plataformas, especialmente do próprio Governo, que oferecem facilidades sobre serviços públicos, pagamentos e informações culturais. O idoso precisa conhecê-los, aprender a acessá-los de forma segura. Por outro lado, há uma evolução contínua da tecnologia, o que exige um constante aprendizado”, explicou. O assessor Leandro Pereira Beguoci, da diretoria da Celepar, também ressaltou a importância do curso, lembrando que exerce um papel essencial na cidadania digital porque um olhar especial para a faixa etária com maior vulnerabilidade. “O futuro deve ser compartilhado com todas as pessoas”, observou. “É muito bom ver numa sexta-feira (pela manhã) essa casa cheia, com pessoas dispostas a aprender”, acrescentou.

O que diz a legislação

Dados divulgados pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos no início de junho revelam que o órgão já recebeu, em 2024, mais de 21 mil denúncias de violações deste tipo contra idosos. Mulheres são a maioria das vítimas. Talvez por isso, as informações sobre a legislação que pune os criminosos, outro ponto tratado durante o curso, chamou bastante a atenção dos participantes, que fizeram diversos questionamentos.

Para combater os crimes cibercrimes, o Brasil já conta com uma série de leis. A primeira delas é a Lei dos Crimes Cibernéticos (Lei 12.737/2012), conhecida como Lei Carolina Dieckmann, que tipifica atos como invadir computadores, violar dados de usuários ou “derrubar” sites. Existe ainda o chamado Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) regulamentando os direitos e deveres dos internautas. Ele protege os dados pessoais e a privacidade dos usuários. Dessa forma, somente mediante ordem judicial pode haver quebra de dados e informações particulares existentes em sites ou redes sociais. Há também a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD – Lei 13.709/2018) dispondo sobre o tratamento dos dados pessoais, inclusive em meios digitais, de qualquer pessoa física ou jurídica. A LGPD proíbe que as empresas mantenham dados de terceiros, como clientes, fornecedores e funcionários, em suas bases, sem o devido consentimento. Para uma loja poder manter um cadastro de clientes, por exemplo, necessita de uma autorização expressa de cada pessoa para isso.

Ao vivo na TV Assembleia

O curso transformou o espaço do Plenário numa grande sala de aula e foi realizado em alusão a campanha “Junho Violeta”, implementada no Paraná através da Lei estadual nº 20.252/2020. Essa ação tem a finalidade de conscientizar sobre a realidade de crimes cibernéticos, bem como, alertar sobre os direitos das pessoas. A lei, discutida e aprovada pelo Poder Legislativo, visa garantir dignidade e respeito à pessoa idosa, além de promover ações, combater a violência e defender os direitos do idoso. Para lembrar a data, a Assembleia Legislativa permaneceu iluminada pela cor durante parte do mês, e também promoveu o workshop.

No início do evento, a Comissão Executiva da Assembleia, formada pelos deputados Ademar Traiano (PSD), presidente da Assembleia; Alexandre Curi (PSD), 1º secretário; e Maria Victoria (PP), 2º secretária, deu as boas-vindas aos participantes através de mensagens em vídeo, exibidas na abertura do curso. Os parlamentares enalteceram a importância da capacitação e o papel do Legislativo na consolidação da cidadania, bem como, o êxito das atividades que vem sendo promovidas em conjunto com a Celepar. Quem também deu seu recado aos participantes, de forma on-line, foi o deputado estadual Cobra Repórter (PSD), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa; e o diretor-presidente da Celepar, André Gustavo Garbosa, que elogiou os bons resultados alcançado com a parceria estabelecida.

Ministrado na manhã desta sexta-feira (28), o workshop foi transmitido ao vivo pela TV Assembleia e redes sociais oficiais, e já está disponível no canal do YouTube, podendo ser acessado, de qualquer região e em qualquer horário. É só clicar no seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=tGoAhIBthPo Lá também você encontra o vídeo que registra a edição do curso ministrado no dia 27. Confira: https://www.youtube.com/watch?v=UBwG_ZmTCEA



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