Um novo relatório sobre a Força de Trabalho da Área de Saúde nas Américas revela que o continente está enfrentando uma grave escassez de médicos e outros profissionais do ramo.
O documento que traz dados e indicadores regionais mostra que 14 dos 39 países não têm médicos, enfermeiros e parteiras suficientes para atender a demanda da população.
Acesso universal de saúde fica ameaçado
E sem mudanças imediatas, as Américas terão de arcar com a falta de 600 mil a 2 milhões de agentes de saúde já nos próximos cinco anos.
Um problema que deverá comprometer planos de se alcançar uma cobertura universal de saúde.
O diretor da Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, o médico brasileiro Jarbas Barbosa, afirma que a mão-de-obra da saúde é a espinha dorsal dos sistemas de saúde e que sem esses trabalhadores, não será possível chegar ao acesso universal.
Ele alerta para a urgência de treinamentos, investimentos, retenção de funcionários e condições de trabalho decentes.

Pessoas que sofrem de cólera recebem tratamento em um hospital em Porto Príncipe, no Haiti
Enfermeiras dominam setor
Atualmente, a média da região é de 66,5 agentes de saúde para uma população de 10 mil pessoas, bem acima do indicado. A Organização Mundial da Saúde, OMS, aponta 44,5 para 10 mil pacientes.
O relatório destaca oito ocupações-chaves na força de trabalho da saúde: médicos, enfermeiros, parteiros, dentistas e farmacêuticos. Juntam-se a eles terapeutas, psicólogos e trabalhadores comunitários de saúde.
Os dados mais acessíveis são relacionados à enfermagem que concentra 89,7% de seus profissionais do sexo feminino. Aqui, a densidade é de 131,5 enfermeiras para 10 mil pessoas nos Estados Unidos enquanto no Haiti existem apenas, 3,8 para 10 mil.
Argentina tem mais psicólogos seguida da Costa Rica
Já no caso dos médicos, a maioria é de homens. São 51,3%. Apenas um terço dos países das Américas tem mais mulheres que homens médicos.
Pouco mais de um terço dos países da região têm dados de psicólogos, a maior quantidade está na Argentina, onde existem quase 18 profissionais para cada 10 mil pessoas, seguida pela Costa Rica com 16,8.
No caso das parteiras, países de língua inglesa do Caribe têm uma maior quantidade de parteiras como Antigua e Barbuda e algumas nações da América do Sul, como o Chile.
A maior parte dos agentes de saúde têm entre 35 e 44 anos, mas o envelhecimento do setor é um problema em nações como Estados Unidos e Guatemala, onde quase a metade dos médicos têm 55 anos ou mais.
A preocupação agora é treinar as novas gerações.