Fortalecer a cadeia produtiva da uva através de negócios, networking e conhecimento. Com a presença de mais de 200 participantes, Bituruna, no sul do Estado, recebeu nos dias 20 e 21 de março, o I Encontro de Sucos e Vinhos do Paraná. O evento promoveu palestras técnicas, debateu novas tecnologias para a atividade e promoveu visitas a vinícolas, além da comercialização de produtos regionais.
Na quarta-feira (20), o Encontro contou com palestras que abordaram os produtos de origem e seus diferenciais, programas de revitalização da viticultura no Paraná e no Brasil, processos e produção de vinho, além de políticas públicas voltadas ao fomento do enoturismo (turismo do vinho). A quinta-feira (21), foi marcada por visitas técnicas às vinícolas da região. Programação completa para os participantes se aprofundarem em todas as etapas, desde a produção da uva até a comercialização dos produtos.
“A escolha de trazermos o primeiro Encontro para Bituruna não foi por acaso. Recentemente, foi conquistado, também, o reconhecimento da Indicação Geográfica para os Vinhos de Bituruna. Este encontro consolida o trabalho, pois participantes de todas as regiões do Paraná se deslocaram até aqui para aprender com as boas práticas locais”, enfatiza o gerente da Regional Sul do Sebrae/PR, Cesar Giovani Colini.
A presidente da Associação dos Produtores de Vinho de Bituruna (Apruvibi), Michele Bertoletti Rosso, pontua que a presença de profissionais de renome palestrando no evento oportuniza a discussão sobre o futuro do setor.
“Queremos fortalecer a produção e colocar o Paraná em destaque no mapa da vitivinicultura nacional e para isso, precisamos nos unir, enquanto setor produtivo, em encontros como esse, que nos dão a oportunidade de conversar com outros produtores, conhecer as diversas realidades regionais do nosso Estado e, principalmente, de aprender com especialistas”, comenta.
O prefeito de Bituruna, Rodrigo Rossoni, também salientou os aspectos que tornaram Bituruna a capital paranaense dos vinhos. Segundo ele, a cidade tem fortalecido a cultura de pertencimento à produção, o que faz com que todos os cidadãos também se sintam parte do setor. Por este motivo, o encontro é relevante, já que oportuniza a troca de conhecimentos e movimenta a cidade.
“Este encontro é importante para quem gosta de produzir, e ver que pessoas de várias regiões, e algumas até de outros estados, vieram até Bituruna para participar, nos mostra que a missão foi cumprida. Esperamos que aprendam conosco e que os nossos produtores também possam obter ideias valiosas nestes dias”, observa.
Visitas técnicas
Como parte da programação, no segundo dia do evento, os participantes estiveram mobilizados em visitas técnicas que passaram por quatro vinícolas de Bituruna: Bertoletti, Di Sandi, Sanber e Dell Mont.
Fátima Sandi foi uma das participantes. Ela é de Bituruna e produz uvas do tipo bordô e niágara. Mas, apesar da proximidade, conta que foi a primeira vez que pode ver de perto todo o processo produtivo.
“Já estive nas vinícolas, conheço alguns empreendedores, mas essa foi a primeira vez que eu tive a chance de realmente conhecer os espaços e ver de perto como tudo é feito. Está sendo uma experiência muito boa e é interessante saber que tudo isso acontece aqui, na minha cidade, e que eu também contribuo para esse setor”, observa.
O empreendedor Nilo Patel é de Guarapuava e tem uma vinícola na cidade de Chopinzinho. Ele também decidiu participar do Encontro para ter acesso a novos conhecimentos sobre o setor e, principalmente, para ver as práticas das empresas de Bituruna.
“Começamos em 2020 com a plantação das uvas e, em 2022, instalamos a agroindústria para a produção vinícola. O Encontro é valioso para discutirmos ideias com outros produtores, além de entender mais sobre o processo produtivo com especialistas. Para nós, que estamos dando nossos primeiros passos no negócio, é muito importante e as visitas às vinícolas de Bituruna são muito produtivas porque ampliam o conhecimento e nos ajudam a ter uma visão mais ampla de mercado”, ressalta.
Adilson Di Sandi foi um dos produtores que recebeu os visitantes. Ele é sócio da vinícola Di Sandi, empresa familiar que está há mais de 90 anos no mercado, e garante que o encontro foi produtivo, também, para os anfitriões.
“Na primeira parte do Encontro, tivemos acesso a muitas informações com especialistas gabaritados no assunto, o que nos ajuda a analisar o cenário e planejar o que podemos melhorar. Nesta segunda parte das visitas, nós, enquanto anfitriões, estamos respondendo as dúvidas dos participantes, mas a troca também nos beneficia. Com esse intercâmbio, é possível entender como as outras regiões estão trabalhando e ter novas ideias para a nossa produção. É um momento de falar, ouvir e pensar”, reflete.
Indicação Geográfica
Os vinhos produzidos em Bituruna contam com o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG) na modalidade de Indicação de Procedência (IP). O selo atesta a qualidade de um produto ou serviço devido a sua origem. São quatro vinhos casca dura (do tipo branco, aromático, seco, que levam esse nome por serem de uma variedade de uva rosada com a casca mais grossa) que contam com a IG.
Atualmente, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Bituruna conta com cerca de 117 hectares de cultivo de uvas de mesa e finas, destinadas ao consumo in natura e à elaboração de vinhos e derivados.
Atualmente, a uva ocupa o quarto lugar entre as frutas cultivadas no Paraná com uma produção estimada em mais de 51 mil toneladas, segundo dados da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Dentre as iniciativas de fomento à cultura, em 2019, o Estado lançou o Programa de Revitalização da Viticultura Paranaense com o intuito de estimular a produção de uvas e seus derivados.
Parceiros
O Encontro foi promovido pelo Sebrae/PR, Apruvibi, Prefeitura de Bituruna, Governo do Paraná e pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná). Contou ainda com a parceria do Sistema Confea/Crea-PR/Mútua, da Associação Maringaense dos Engenheiros Agrônomos (Amea), do Sicredi, do Sistema Faep, além da Associação dos Viticultores do Paraná (Vinopar) e da Escola de Gestão do Paraná.
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