

Professores e funcionários da rede estadual de ensino anunciaram greve geral da categoria, a partir de 18 de fevereiro, contra a retomada de aulas presenciais em todo o Paraná. A aprovação da paralisação aconteceu na manhã deste sábado (23) após assembleia convocada pela APP-Sindicato que reuniu cerca de 1.100 trabalhadores da área.
Segundo o sindicato que representa a classe, os educadores são contra o modelo híbrido de ensino anunciado pela Secretaria Estadual de Educação (Seed), que consiste em ter parte dos alunos em sala de aula e parte acompanhando uma transmissão ao vivo. Ainda, a APP-Sindicato afirma que a medida de retorno às aulas em meio à pandemia do novo coronavírus não foi debatida com a categoria ou comunidade escolar.
O decreto que autoriza a retomada das aulas presenciais em escolas estaduais e privadas a partir de 18 de fevereiro, mediante ao cumprimento das medidas sanitárias previstas pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), foi publicado na última quarta-feira (20) no Diário Oficial do Paraná.
Entre as medidas a serem adotadas, está o uso da máscara e o distanciamento mínimo de 1,5 metro. “Se uma sala é ocupada por oito ou dez alunos, os demais acompanham de casa. Ao mesmo tempo, os de casa irão assistir a aula, com o professor deles, ao vivo. Assim, o professor também poderá ver o rosto e interagir com quem está em casa. É uma aula ao vivo, síncrona, com interação a todo momento”, explicou o secretário Renato Feder em dezembro.
“Professores (as) e Funcionários (as) também lutam contra os ataques do governo que insiste na terceirização de funcionários (as), suspendeu a reposição salarial do acordo da greve de 2015, congelou as carreiras e implantou escolas militares por todo o Paraná”, divulgou a APP-Sindicato.
O presidente da associação sindical, Hermes Leão, afirmou que a categoria deve fortalecer o debate e lutar pela vida e direitos dos trabalhadores da educação do estado. “É momento de construir uma greve forte, com a unidade de Professores(as) e Funcionários(as) para que o governo cesse os ataques à categoria e reabra os canais de diálogo”, disse.
Nota
O sindicato emitiu uma nota que repudia e contraria o retorno das aulas neste momento no Paraná. Confira a íntegra:
PELA VIDA E PELO NÃO RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS SEM VACINA
O governador do Paraná, Ratinho Junior, anunciou o retorno das aulas presenciais nas redes públicas e privadas de ensino de todo o estado. A autorização foi publicada em um decreto no dia 21, dois dias depois do Paraná atingir o maior número de internados(as) desde o início da pandemia. Segundo especialistas, a tendência é de aumento nos casos. A decisão do governador, que é compartilhada pelo secretário/empresário da Educação, Renato Feder, desconsidera o principal objetivo desse período, que é a preservação da vida e saúde da população paranaense.
Destacamos que decisão igual a de Ratinho e Feder contribuíram para que o Amazonas chegasse ao colapso do seu sistema de saúde: falta de oxigênio nos leitos hospitalares e aumento expressivo do número de mortes por Covid-19. Ao retornarem às escolas, educadores(as) e estudantes estarão sujeitos a aglomerações e o trabalho se dará em ambientes fechados, o que aumenta consideravelmente o risco de contaminações. A exposição pela circulação e aglomeração de mais de 1,1 milhão de estudantes incidirá sobre o aumento de casos na sociedade como um todo. Essa tem sido a realidade de vários países que iniciaram o retorno das aulas e tiveram que retroceder diante do aumento de casos Por isso, nossa posição contrária a retomada das aulas presenciais, sem que haja vacinação e a segurança de que nenhuma vida seja colocada em risco.
A defesa da vida deve a ser prioridade de toda sociedade, ainda mais em um contexto de avanço da epidemia do novo coronavírus no mundo, no Brasil e no Paraná. Ultrapassamos a triste marca de 210 mil mortos no Brasil. O numero de contaminados(as) caminha a passos largos para triste marca de 9 milhões. No Paraná passamos de 9 mil mortos(as) e de 500 mil contaminados(as).
Conclamamos as comunidades escolares a estarem juntos pela defesa da vida. Ela não diz respeito apenas aos(às) profissionais da educação e estudantes, mas deve ser compromisso da sociedade como um todo. Nesse momento, nossa defesa deve ser incondicional pela vida humana. Basta de genocídio! Chega de negacionismo e irresponsabilidade por parte dos agentes públicos. Valorizemos os serviços públicos, em especial o SUS, incansáveis na luta em salvar vidas e na contenção do vírus com a produção de pesquisas e já habilitados para produzir as vacinas necessárias para imunizar todos os(as) brasileiros(as), e sem os(as) quais não teríamos condições de enfrentar essa pandemia. E continuemos com os cuidados sanitários com o uso de máscara e o distanciamento social.
Educadores(as) em defesa da vida, da escola pública, do emprego e dos direitos”
A reportagem da Banda B entrou em contato com o Governo do Estado e aguarda o retorno.
Informações Banda B.