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Pela janela do ônibus

 

Ainda é cedo e eu levanto para começar mais um dia. Entro no ônibus e se tenho sorte consigo algum assento para descansar um pouco ou tirar uma soneca, mas tem dias que apenas coloco os fones de ouvido, começo a viajar um pouco na minha imaginação, observo as paisagens, ruas, pessoas andando de um lado para o outro e me pergunto o porquê de eu gostar tanto de Curitiba. Não saberia explicar ao certo se é porque sou daqui e passei a maioria dos anos da minha vida nesta cidade ou simplesmente porque me sinto em casa como em nenhum lugar do mundo.

Nestas viagens, que faço dentro do latão cinza ou apenas “ligeirinho”, passo por vários lugares e observo várias pessoas, desde um homem que fala que vai matar outro por causa de algum desentedimento, até uma mãe comemorando que seu filho passou no vestibular de Medicina na Federal, desde a mulher que está terminando seu relacionamento, até o homem que recebeu a notícia que seu amor está chegando na rodoviária de Curitiba, na verdade são várias histórias e sempre gostei muito de prestar atenção nisso e acho que não foi a toa que escrevo isso aqui.

janelaonibus

Nossa cidade está cada vez mais recebendo pessoas de vários lugares do Brasil e do mundo, não acho que seja ruim de maneira alguma, se acrescenta ainda mais para a riqueza cultural daqui e é incrível ver que estamos caminhando para ser uma cidade mundial. Há alguns dias fui ao Largo da Ordem, conheci americanos, italianos, franceses e muitos outros gringos que estavam ali conhecendo nossos costumes, porque a cidade lhes chamou atenção. Claro que sei do estereótipo do brasileiro lá fora, mas apresentamos que não somos 100% aquilo que é dito lá fora. Temos nossos defeitos, as falhas de Curita e também o lado bom da mistura de gente e intercâmbio cultural constante.

Voltando para a viagem, ao descer no tubo sinto aquele friozinho da manhã, sabe aquele arrepiante que você se arrepende de não ter se agasalhado mais, mas em poucos minutos lembra que a tarde vai estar quente e terá que tirar tudo? Então, aí faço conexão com outro ônibus e na espera tenho mais tempo para contemplar o que está em volta. Um cobrador morrendo de frio escutando seu rádio, várias pessoas olhando para o celular e uma praça linda com 4 bancos e uma estátua no centro. Passo por ali todos os dias e nunca cheguei a ver o que está escrito nas placas estão lá, engraçado mas não prestamos atenção nestas pequenas coisas, pode ter algo interessante, vai saber? Um dia ainda vou ali e descubro.

Ah, gostei muito de turistar por Curitiba com aquele ônibus grande, sabe? Levei uns amigos meus que vieram de outros países para visitar os pontos turísticos da cidade e fizemos aquela rota. Gostei muito de ver coisas que eu nem conhecia e visitar o Parque Tanguá pela segunda vez em minha vida, me julgue! Conheci aquele Parcão, atrás do MON onde a galera leva os cachorros e a as pessoas fazem pique-nique, muito legal!

Talvez agora eu tenha a resposta da minha dúvida. Gosto tanto de Curitiba, porque sou daqui e me sinto em casa, além disso descubro sempre coisas novas aqui. Estamos em constante transformação tanto como sociedade, tanto como a cidade em si, de um lado é ruim porque a maioria das pessoas está tão bitolada em observar a nova notificação no Facebook ou grupo no Whats que mandou uma imagem e não descobrimos a cidade onde vivemos, me incluo nessa galera, infelizmente. De outro lado podemos trocar informações mais facilmente e ajudamos uns aos outros a redescobrirmos a nossa Curitiba. 😉