quinta-feira, março 28, 2024
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Manual de gíria Curitibana

ADEVOGADO: pessoa formada em direito e aprovada no exame da ordem

ALIMENTADOR: ônibus laranja que faz terminal-bairro, demora em média 78 minutos pra vir e anda no tempo dele

APURE: apresse, como no exemplo “o uber chegou, apure piá” (ver “piá”)

ARANHA MARROM: como chamamos qualquer espécie de aracnídeo. O veneno é capaz de derrubar 10 capivaras adultas segundo a minha vó

ARREGADO: pessoa sortuda ou porção generosa, “olhe que cachorro quente arregado com 3 vinas” (ver “vina”)

ATLETIBA: clássico do futebol que antecede uma semana de depressão

BANANA CATURRA: aquela mais barata cheia de pinta

BARIGUI: maior concentração de gente bonita e de capivaras do sul do mundo

BÉRA: é cerveja, piá tongo (ver “piá” e “tongo”)

BERMA: bermuda, artefato usado só no verão e olhe lá

BISCATE: mulher pegadora, aeroporto de pomba-gira, exemplo: “deu em cima do meu namorado aquela biscatinha”

BOCA MALDITA: fica ali na praça Osório; reza a lenda que foi um ponto de encontro de aposentados fofoqueiros sem nada melhor pra fazer

BOCÓ: pessoa boba ou inconveniente mas sem maldade, só bocó mesmo

BOLACHA: aqui a gente come bolacha, biscoito é de São Paulo pra cima

BORBOLETA 13: figura mitológica, mulher de voz inconfundível que vende sempre o último bilhete, mesmo no início do expediente

CANALETA: pista que deveria ser exclusiva pra ônibus mas onde circulam ciclistas, skatistas e turistas perdidos que não têm a puta ideia de como foram parar ali

CANCHA: quadra poliesportiva onde a piazada se quebra (ver “piá”)

CAPAZ: o mesmo que “sério?” mas com entonação que escrevendo não sei como explicar

CARRO DO SONHO: desde a fundação da cidade repete o mantra “olha aí freguesia é o carro do sonho que está passando é o sonho bem fresquinho sonhos de nata creme chocolate doce de leite e goiaba o sonho freguesia”

CETRA: o mesmo que estilingue, serve pra tacar mamoma na piazada da rua de cima. Piá de prédio não sabe do que se trata (ver “piá de prédio”)

CHAMPAGNAT: bairro fictício porque Bigorrilho ninguém merece

CHINCHA: conversa séria, como no exemplo “chamou o bocó na chincha”

CHINEQUE: pão doce com farofinha crocante por cima, nas variações farofa, creme, banana e goiaba

CHUNCHO: gambiarra ou improvisação feita igual o seu nariz

CIDADE: é como chamamos o centro da cidade, um lugar onde devemos ir arrumados segundo a minha vó

CONVENCIONAL: ônibus amarelo que faz centro-bairro. No centro entre pela porta da frente e respeite a fila caso tenha amor à vida

COXA BRANCA: torcedor do Coritiba, piazada que anda meio jururu ultimamente (ver “jururu”)

COZIDO: bêbado, como no exemplo “guria do céu, tomei um tubão no terminal ontem e fiquei muito cozida” (ver “tubão”)

CRENDIOSPAI: expressão de espanto tipo “Creeedo”, exemplo: “crendiospai 15 pila o quilo do pinhão” (ver “pinhão” e “pila”)

CUQUE: bolo seco e fofinho com uma farofinha crocante sensacional por cima, tem gostinho de infância

CURITIBOCA: reclamão para o qual nada nunca tá bom

DA HORA: legal ou interessante, “que da hora essa tua bota, guria!”

DAÍ: palavra coringa que pode ser colocada ao final de toda frase, independente do assunto daí

DE CARA: abismado ou muito puto, “fiquei de cara com aquela biscate, guria”

DE VARDE: à toa, sem nada pra fazer

DECERTO: talvez, exemplo “tava sozinha no bailão, decerto largou aquele jaguara” (ver “jaguara”)

DESCER: ato de ir ao litoral, como no exemplo “desce quando, piá?”

DJANHO: do diabo, chato, insuportável; pode ser um piá do djanho, um frio do djanho ou um cruzamento do djanho, por exemplo

DOLANGUE: mentira, fake new curitibana, o mesmo que migué. (ver “migué”)

ECOVILLE: outro bairro que inventaram porque Mossunguê não vende apartamento

ESTAÇÃO TUBO: ponto de ônibus em forma de tubo de vidro onde param ligeirinhos e biarticulados; só Deus sabe a quantidade de gente que cabe ali

EXPRESSO/BIARTICULADO: ônibus vermelho imenso com 1 ou 2 articulações que roda em canaleta exclusiva; quando faz curva rápida tem um efeito chicote lá no fundão que faz vc se sentir um peão de rodeio

FARNÉU: marmita ou aquela porção que a gente leva numa tapauér depois da festa (ai que horror)

FEIRA HIPPIE: feira de artesanato domingo de manhã no Largo da Ordem, provavelmente a maior concentração de curitibanos por m2 que vc verá

FIAMBRE: apresuntado com especiarias meio suspeitas. Fiambreria é onde vendem frios

FILHO DE CHOCADEIRA: criança com pais ausentes; os jaguaras sempre nos trinques e o piá todo remelento (ver “jaguara” e “piá”)

FRIACA: frio lazarento (ver “lazarento”)

GASOSA: qualquer refrigerante de sabor exótico, tipo framboesa ou sabe Deus mais o quê

GRALHA AZUL: ave metafísica símbolo da região que ninguém nunca viu mas sabe que existe em algum lugar do Olimpo

GURIA: mulher jovem (ou não). Normalmente vem com um adjetivo (guria do céu!) ou verbo no modo imperativo (apure, guria!)

IMPOSSÍVEL: arteiro, bagunceiro, “mas este piá tá impossível hoje, crendiospai”

INTERBAIRROS: ônibus verde que circula só nos bairros; o mais famoso é o Interbairros II, que tem sentido horário e anti-horário. Dica de sobrevivência: preste atenção e pegue o verdão do lado certo senão vai conhecer a cidade inteira

INTER 2: versão Ligeirinho do Interbairros II, diariamente desafia a lei da física que diz que 2 corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço – ocupam sim, tá bom?

JACU: pessoa caipira ou muito tímida. “Jacu do mato” é o jacu com dose extra de jacuzisse

JAGUARA: sem vergonha, cafajeste ou preguiçoso; pode se referir a pessoas ou animais, “mas olhe que gato jaguara, dorme o dia inteiro”

JAPONA: jaqueta grande com zíper sem a qual não haveria vida nesta cidade. A típica mãe curitibana não deixa o piá sair de casa sem ela

JURURU: ou borocoxô, pessoa amuada, cabisbaixa ou quieta num canto

LAGARTEAR: tomar sol, costume que garante a preservação da vida neste lugar durante o inverno

LARGAR OS BETS: quando a gente desiste de algo – de uma guria, da dieta ou simplesmente de esperar o maldito alimentador

LAZARENTO: forma genérica e até carinhosa de xingar, que vale pra amigos, inimigos, animais e fenômenos quaisquer. “que trânsito lazarento”; “gato lazarento, pegou meu bife”; “olhe que lazarento, fez churrasco e não convidou”

LEITE QUENTE: frase emblemática que identifica o sotaque curitibano por meio da pronúncia impecável da vogal E (nossa, emocionado aqui)

LIGEIRINHO: ônibus cinza que só para em estação tubo. O povo entra e sai pela mesma porta, então cada tubo é um duelo entre uma manada de búfalos e uma de rinocerontes

LINHA VERDE: é o trecho da BR116 que corta a cidade, foi toda repaginada, tá top, mas é melhor evitar (fica a dica)

LOQUE: pessoa doida, inconveniente ou pentelha. A forma correta de xingamento é “seu loque!”. “Tirar pra loque” significa fazer de besta

MALACO: piá meio loque com a barba cheia de cotoco e vestido igual um indigente

MIGUÉ: mentira ou enganação. Miguezeiro é o praticante de migués

MIMOSA: nome genérico pra mexirica, bergamota, poncã e tangerina – aqui é tudo mimosa daí

NO GALETO: fazer algo rapidamente, exemplo: “guria do céu, o expresso desceu no galeto e quase que pega o piá”

OILMAN: figura mitológica, homem que desfila de sunguinha, besuntado e empurrando uma bicicleta. Aja com naturalidade e não fique olhando igual um jacu do mato

ORDENADO: salário, exemplos: “gasta o ordenado todo com cachaça o lazarento”; “não é assim um ordenadão mas tá bom”

PALHA: coisa desinteressante ou chata, “aquela série nova da Netflix é palha, piá”

PÃO D’ÁGUA: tipo pão francês mas em formato de bundinha

PESCOÇO: pessoa enxerida. A forma mais comum de xingar é “ê pescoção!”. Pescocear é dar uma volta para obter informações

POLACO: pessoa de cabelo claro ou branquela, normalmente antecede os adjetivos “do djanho” ou “jaguara”

PENAL: estojo de lápis e caneta de uso escolar, mas que costuma abrigar bolacha mole, chiclete usado e brilho labial

PIÁ: como chamamos indivíduos do sexo masculino, sem limite de idade. Admite as variações piazinho, piazão e piazada, que é o plural

PIÁ DE PRÉDIO: pessoa mimada que não come coraçãozinho de frango e não sabe soltar raia (ver “raia”)

PILA: unidade monetária, exemplo: “quanto tá o chineque de banana piá? Tá 2 pila cada”

PINHÃO: semente da araucária que vc vai comer de maio a agosto mesmo sem gostar e cuja colheita fora de época pode lhe render uma condenação perpétua inafiançável

POSAR: escrita correta do verbo pousar, é dormir na casa de alguém

RAIA: pipa. Piá de prédio nunca soltou uma e jamais saberá o desespero quando a diaba desprende e voa para o infinito

RAPOSINHA: marsupial primo do gambá que a gente chama de raposa porque ninguém nunca descobriu o nome desse bicho

REFRESCADA: dizemos “deu uma refrescada” quando a temperatura está perto de zero grau

ROLLMOPS: peixe enrolado no picles e preso com palito, chega a dar medo

RUA DAS FLORES: é a rua XV de Novembro, corta o centro, é minha e mandei ladrilhar

SERRAÇÃO: neblina. Aqui temos o ditado “neblina que baixa, sol que racha”

SINALEIRO: sinal ou semáforo, onde verde é “venha”, amarelo é “apure” e vermelho é “será que dá tempo?”

SUBIR: retornar do litoral, exemplo: “aproveite e suba com o tio, piá”

TERMINAL: onde fazemos conexão sem pagar outra passagem. É uma terra sem lei onde só os mais fortes acham lugar pra sentar

TESÃO PIÁ: “que legal”, é tipo um mantra na terra das araucárias

TIGRADA: piazada arruaceira, melhor passar de largo e não fazer contato visual

TONGO: lerdo, burro ou ingênuo. Tongo véio é o tongo reincidente na tonguice

TORÓ: temporal, comum o ano inteiro, surge do nada e sempre quando vc esqueceu a sombrinha

TRINCHEIRA: túnel, promessa típica de políticos dolangueiros (ver “dolangue”)

TUBÃO: refrigerante com bebida alcoólica barata, drink típico servido numa garrafa pet, uma visão do inferno

VIA RÁPIDA: avenida com no mínimo 3 pistas, cuja regra é o inverso de uma autoestrada: veículos rápidos à direita, lerdos no meio e workshop de baliza à esquerda

VINA: não é o mesmo que salsicha, já que salsicha não existe. Cachorro quente bom leva sempre duas vinas

VOLTE-MEIA: com certa frequência, exemplo: “volte-meia essa biscatinha aparece aqui”

XAROPE: chato ou entediante, “guria do céu, este texto xarope não termina nunca”

Prova final sem consulta – decifre a frase: “Apure piá tongo que aquele alimentador do djanho tá vindo no galeto daí”

 

Texto de: Solan Valente

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